Rio de Janeiro, 27 mai (EFE).- As empresas espanholas consideram
que o mercado brasileiro, fortalecido pela redução da pobreza e a
consolidação de uma majoritária classe média, justifica qualquer
investimento, segundo os executivos que participaram nesta quinta,
no Rio, do Fórum Brasil-União Europeia (UE).
Representantes de entidades e empresas espanholas como OHL,
Repsol e Endesa, com grandes investimentos no Brasil, disseram que
foi o crescente mercado interno do país que lhe permitiu superar
rapidamente a crise mundial e ter perspectivas de crescimento este
ano de até 6%.
A Espanha é o maior investidor estrangeiro no Brasil depois dos
Estados Unidos e um dos principais defensores de um acordo de
livre-comércio entre a UE e o Mercosul, bloco que os brasileiros
compartilham com Argentina, Paraguai e Uruguai.
"É este consolidado mercado doméstico que reduz as possibilidades
de um recuo por crises locais ou internacionais", afirmou o
ex-ministro da Fazenda Carlos Solchaga, presidente da Fundação
Euroamérica, principal organizadora do fórum. O evento reúne entre
quinta e sexta no Rio de Janeiro cerca de 50 empresários de Brasil e
europeia.
Segundo números citados pelo presidente de geração da subsidiária
de Endesa no Brasil, Guilherme Lencastre, a classe média do país já
supera 90 milhões de pessoas, após ter se expandido nos últimos anos
de 34% da população para 46%.
O presidente do grupo construtor espanhol OHL, Juan-Miguel Villar
Mir, assegurou que sua firma se transformou em uma empresa
brasileira.
"A OHL era espanhola. Hoje é espanhola na Espanha e brasileira no
Brasil", disse o executivo ao lembrar que a empresa já cota na Bolsa
de Valores de São Paulo e tem 4.400 empregados no país, quase todos
brasileiros.
O assessor da Presidência para Assuntos Internacionais, Marco
Aurélio Garcia, que participou da abertura do fórum, assegurou que a
política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de promover um
crescimento com distribuição de riqueza e inclusão social permitiu
ao país superar seus principais problemas e reduzir suas
vulnerabilidades.
O diretor-geral para a América do Norte e Brasil da companhia
petrolífera Repsol YPF, Ramón Hernán, assegurou que, como o Brasil
produz 2,03 milhões de barris diários da commodity, grande parte da
produção das novas reservas será excedente e poderá ser colocada
livremente no mercado mundial.
"A descoberta de uma nova província petrolífera vai permitir ao
Brasil pelo menos duplicar e talvez triplicar as atuais reservas (12
bilhões de barris) e o país passará a estar entre os dez maiores
produtores", disse. EFE