Paris, 18 mai (EFE).- A França desembolsou nesta quarta-feira cerca de 1 milhão de euros para garantir que um conjunto de manuscritos do dirigente da Revolução Francesa Maximilien Robespierre não saia do país após serem leiloados em Paris.
A medida foi tomada após a comunidade de historiadores e intelectuais franceses ter pedido ao Ministério da Cultura que não deixasse que esses importantes documentos saíssem da França. O Estado, então, fez valer seu direito de preferência de compra e desembolsou 979,4 mil euros (R$ 2,25 milhões), três vezes mais que o preço inicial, para que as cartas e os discursos permaneçam nos Arquivos Nacionais à disposição de estudiosos.
O representante do governo na negociação, Hervé Lemoine, afirmou que abrirá uma arrecadação de fundos para financiar a compra. A Sociedade de Estudos Robesperrianos, encarregada de recolher as doações, anunciou que já conta com 100 mil euros (R$ 229 mil).
Os historiadores se interessaram por um lote que contém discursos, minutas de artigos de imprensa e de relatórios lidos na Convenção e o fragmento de um discurso escrito na véspera da detenção do líder jacobino no qual atacava a conspiração iniciada contra ele e seus próximos.
Além de seu valor histórico, o documento tem um grande valor sentimental, já que no dia seguinte de sua prisão, Robespierre preferiu se suicidar a ter que passar pela guilhotina. Por este conjunto, o Estado pagou 750 mil euros (R$ 1,724 milhão).
Um segundo lote, que custou aos cofres públicos 65 mil euros (R$ 149 mil), contém uma série de correspondências trocadas com seu irmão Augustin que, segundo os historiadores, permitem contextualizar sua ação política no ambiente familiar. No total, são 113 páginas manuscritas que pertenciam aos descendentes do deputado Philippe Le Bas, fiel a Robespierre.
Datados entre 1792 e 1794, os anos mais duros do período revolucionário conhecido como fase do Terror, os documentos do dirigente jacobino permaneceram na coleção privada dos descendentes de Le Bas, longe do olhar dos estudiosos. O Ministério de Cultura reiterou que, uma vez em seu poder, serão digitalizados para torná-los mais acessíveis. Quanto aos originais, irão para os Arquivos Nacionais e para a Assembleia Nacional. EFE