Paris, 2 nov (EFE).- O primeiro-ministro francês, François Fillon, lamentou nesta quarta-feira a decisão do Governo grego de submeter a referendo o plano de resgate aprovado na última semana, e pediu ao país que diga "rápido e sem ambiguidade se quer conservar seu lugar na zona do euro".
O anúncio do primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreou, sobre a realização de um referendo "pode ter consequências muito graves para a Grécia e para o resto da Europa", disse Fillon em uma sessão na Assembleia Nacional, na qual lamentou "solenemente o anúncio tomado de forma unilateral sobre um problema que compromete todos os parceiros da Grécia".
Para Fillon, o restante da Europa não pode esperar durante semanas a decisão dos gregos, por isso ele pediu que "digam rápido e sem ambiguidade se querem conservar seu lugar na zona do euro".
"Quero lembrar à população europeia e à população grega que não é possível estar na Europa para se beneficiar de sua solidariedade e fora dela para pular as obrigações", disse o francês, que exigiu um "discurso sincero" no referendo.
Fillon reprovou o Governo grego por ter negociado um acordo durante horas sem indicar a possibilidade de organizar o plebiscito, mas disse que "em democracia é legítimo consultar a população".
"Com lamentos não se administra uma crise", afirmou o primeiro-ministro, defendendo que chegou o momento de "ter sangue-frio e concentrar na aplicação do plano adotado".
"A solidariedade europeia se ofereceu tendo como contrapartida o consentimento grego de manter seus esforços para sanear suas contas", disse o representante francês.
O acordo integral anticrise concordou em conceder à Grécia uma ajuda financeira de 100 bilhões de euros, que pode ser elevada a 130 bilhões se forem considerados os 30 bilhões que a zona do euro está disposta a conceder aos credores como garantia para o perdão de 50% da dívida grega.
"A solidariedade não pode ser exercida se cada um não apresentar os esforços necessários", afirmou em referência ao plano de ajuste relacionado ao resgate estipulado na cúpula extraordinária da zona do euro, em 27 de outubro.
Além disso, Fillon insistiu que "a situação de incerteza criada pelas decisões gregas faz com que seja mais necessário do que nunca proteger o restante da zona do euro contra ataques especulativos".
O plano adotado pelos líderes da zona do euro em Bruxelas, apesar de estar focado no novo resgate da Grécia, também preparava os bancos para a falta de pagamento grego com uma recapitalização em escala europeia e o impacto da dívida soberana de outros países com problemas.
Para o primeiro-ministro, é fundamental começar estes acordos. Fillon lembrou que conforme foi anunciado pelo presidente francês Nicolas Sarkozy na terça-feira, França e Alemanha decidiram se reunir em Cannes na véspera da cúpula do G20 com o conjunto de instituições europeias, o Fundo Monetário Internacional e Papandreou, para examinar a situação. EFE