Paris, 6 jan (EFE).- O ministro da Defesa francês, Hervé Morin,
minimizou hoje a importância das informações de que os militares
brasileiros preferem o caça sueco "Gripen" ao francês "Rafale", e
disse que sua oferta inclui transferência tecnológica ao Brasil, que
teria, assim, "uma plataforma industrial" para a América Latina.
"A decisão do Brasil será política", ressaltou Morin, em
entrevista à rede de televisão francesa "BFM TV", onde lembrou que a
França estabeleceu "uma aliança estratégica com o Brasil", que se
traduziu na venda, no ano passado, de helicópteros militares e
submarinos no valor de 4,5 bilhões de euros.
Assim, o ministro respondia a informações publicadas ontem na
imprensa brasileira de que uma comissão técnica tinha comunicado ao
Ministério da Defesa sua preferência pelo modelo de avião de combate
sueco, frente às alternativas francesa ou americana.
Depois que a Força Aérea Brasileira (FAB) desmentiu ter entregue
esse relatório técnico sobre a licitação para adquirir 36 caças, o
ministro francês estimou que, neste assunto, "a imprensa brasileira
não tem necessariamente a verdade".
Perguntado sobre o preço do "Rafale", que é considerado muito
alto a respeito de seus concorrentes, Morin respondeu com uma
interrogação retórica: "é possível comparar uma Ferrari, que é o
'Rafale', com um Volvo, que é o 'Grippen'?".
"O 'Rafale' é um avião de missões múltiplas", que já é uma
realidade provada e utiliza "as tecnologias mais modernas", disse o
ministro francês.
Morin insistiu em que, com a venda do "Rafale", se propõe uma
transferência tecnológica que daria ao Brasil e à própria indústria
francesa "uma plataforma industrial de primeiro plano para toda a
América Latina", onde seria possível comercializar este aparelho.
Também insistiu em que Suíça, que pretende renovar sua frota de
aviões de combate, colocou "em primeiro lugar" o "Rafale", na
comparação técnica com seus concorrentes.
O ministro francês considerou normal que o Brasil não tenha
anunciado ainda com que aparelho ficará, porque adquirir um avião de
combate é adquirir um conjunto de sistema de armamento, ou seja,
"uma decisão para 40 anos, na qual influeciam muitos parâmetros".
EFE