Pequim, 11 jan (EFE).- O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, pediu nesta quarta-feira ao primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que reduza significativamente as importações de petróleo do Irã, revelaram fontes americanas ao fim da visita de dois dias do enviado ao país do presidente americano, Barack Obama.
As mesmas fontes disseram que Geithner havia feito o mesmo pedido a todas as autoridades chinesas com as quais esteve em Pequim, às quais detalhou a nova política de sanções de Washington contra a indústria petrolífera iraniana.
"Começamos um amplo esforço diplomático global para intensificar a pressão sobre o Irã com as novas medidas, explicamos (às autoridades chinesas) o que consideramos importante e eles nos ouviram", destacaram os interlocutores.
A lei assinada pelo presidente americano em 31 de dezembro estabelece sanções para qualquer entidade financeira estrangeira com laços com o Banco Central do Irã, o que proíbe abrir ou manter operações relacionadas à compra e venda de petróleo nos Estados Unidos.
A medida pretende reduzir as vendas iranianas em grandes mercados de países da União Europeia (UE) e da Ásia, como a própria China, Japão, Coreia do Sul e Índia.
As pressões de Washington coincidem com o anúncio por parte do Governo chinês de uma viagem oficial do primeiro-ministro chinês a três grandes produtores de petróleo (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e o Catar) entre os dias 14 e 19 de janeiro.
O secretário do Tesouro americano, que nesta quinta-feira estará em Tóquio, se reuniu em Pequim com o vice-presidente chinês, Xi Jinping, quem assumirá a liderança do Partido Comunista da China (PCCh) no fim de 2012 e a Presidência da China em 2013, assim como com os vice-primeiros-ministros, Li Keqiang e Wang Qishan, e o titular de Finanças, Xie Xiren.
Como relataram funcionários americanos que acompanharam a visita, Wen ressaltou nesta quarta-feira a Geithner que "sempre considera o diálogo melhor do que o enfrentamento e a cooperação melhor do que a intimidação", em uma clara referência às sanções impostas por Washington a Teerã.
O chefe do Executivo chinês assinalou ao enviado americano que o mesmo pode ser aplicado a relação entre a China e os EUA, aludindo ao desejo de Pequim que Washington reduza as restrições à compra pela China de alta tecnologia e facilite o investimento do país asiático nos Estados Unidos.
Enquanto Wen justificou que a situação econômica global é "muito complexa", Geithner destacou que se a China cumprisse mais com os direitos de propriedade intelectual, as empresas americanas estariam dispostas a compartilhar tecnologia de ponta com as chinesas.
Outro ponto abordado pelo secretário do Tesouro na conversa foi a subvalorização do iuane, o que proporciona uma vantagem às exportações chinesas e prejudica o setor manufatureiro americano. Diante disse, o americano pediu a aceleração da lenta valorização da moeda por parte das autoridades de Pequim.
Por sua vez, fontes oficiais chinesas disseram que os dirigentes americanos deveriam preservar e impulsionar o desenvolvimento das relações entre a China e os EUA.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Liu Weimin, rejeitou as acusações de que a China rouba empregos dos americanos e que não respeita os direitos humanos.
"A China se opõe às críticas infundadas de alguns candidatos das eleições primárias do Partido Republicano", afirmou Liu, sem precisar nomes.
Os políticos responsáveis deveriam perceber que uma estreita cooperação com a China beneficia os EUA, acrescentou a fonte da Chancelaria.
"Acusar a China não será muito útil à solução dos problemas domésticos dos EUA e muito menos se um candidato republicano vencer a eleição", concluiu Liu. EFE