Berlim, 9 nov (EFE).- O ex-presidente soviético Mikhail Gorbachov
disse hoje que a queda do Muro de Berlim há 20 anos foi um
acontecimento previsível devido à ebulição democrática e
revolucionária que pairava no ar, mas admitiu que "falhou ao prever
quando de fato isso ocorreria", pois acreditou que seria um assunto
só para o século 21.
"Naturalmente, era possível perceber que algo estava para
ocorrer. Em 1989, quase diariamente sobre o futuro de Berlim e da
Alemanha", disse Gorbachov, em entrevista coletiva na Prefeitura de
Berlim.
"Helmut Kohl (ex-chanceler alemão) e eu falhamos em nossas
previsões. Na primavera do ano de 1989, em entrevista coletiva, nos
perguntaram sobre a reunificação alemã e ambos dissemos que esse era
um tema para o século 21", lembrou o ex-governante.
Pouco depois, no dia 9 de novembro do mesmo ano, cairia o muro
com o que, segundo Gorbachov, e o caminho em direção à reunificação
tinha ficado aberto.
A ex-ativista de Direitos Humanos e atual diretora do Arquivo de
Documentos da STASI, Marianne Birthler, lembrou como o muro marcou
grande parte de sua vida e reivindicou o papel do movimento
democrático nos eventos de 9 de novembro.
"Quando o muro foi construído eu tinha 13 anos, quando caiu meus
filhos já estavam quase adultos", lembrou Birthler.
Segundo Birthler, as novas gerações só podem entender o
significado da queda do Muro de Berlim se ao mesmo tempo receberem a
explicação de como era viver em uma ditadura e o que representou a
rebelião contra a mesma para o movimento democrático.
"O povo começou a pedir liberdade e quando um povo já não aceita
mais opressão também não aceitará ficar trancando atrás de um muro.
Ninguém nos presenteou com a liberdade, lutamos por ela e muitos
pagaram inclusive com a vida", indicou Birthler.
Birthler ressaltou que não tinha sido nenhuma potência ou
político genial o responsável pela queda do muro, mas os
protagonistas da chamada revolução pacífica.
"Não foram os políticos que derrubaram o muro, eles o
construíram. Foi o povo quem derrubou o muro", disse Bithler. EFE