Tóquio, 20 nov (EFE).- O Governo japonês admitiu hoje que sua
economia, a segunda do mundo, está em deflação, o que significa o
primeiro reconhecimento dessa situação por parte das autoridades
oficiais japonesas desde 2006.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no Japão registrou uma
queda de 2,3 % em setembro em relação ao mesmo mês do ano anterior,
pelo sétimo mês consecutivo, mas até agora o Governo não admitia
publicamente o retorno da deflação à economia japonesa.
Segundo uma pesquisa do jornal Nikkei, os preços de quase 60% dos
alimentos básicos e os bens que compram diariamente os cidadãos nos
supermercados do Japão foram mais baixos em outubro que três meses
antes.
O vice-primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, admitiu hoje que o
Japão está "em uma situação deflacionária" e que é muito importante
o papel que desempenham as autoridades monetárias, em referência ao
Banco do Japão (BOJ), informou a agência local "Kyodo".
Estava previsto que o tema central da reunião mensal de dois dias
que conclui hoje o Banco do Japão seria a situação dos preços no
país, que previsivelmente manterá os juros em 0,1%, o nível mais
baixo de todos os países desenvolvidos.
Também hoje o ministro japonês de Finanças, Hirohisa Fujii, disse
que se sente profundamente preocupado pela deflação no Japão e
assegurou que as medidas de estímulo governamentais não ajudarão a
que subam os preços.
"Somos conscientes do grave risco" e "a situação atual não é a
que deveria ser", disse Fujii em entrevista coletiva.
Fujii considerou a deflação "um ponto muito importante" para
apreciar a evolução de uma economia e opinou que as políticas
fiscais, em princípio, não são suficientes para escorar a
recuperação.
Para o ministro das Finanças japonês, "as medidas públicas têm
efeitos positivos, mas quando se fala de melhorar a economia,
citando a (John Maynard) Keynes, deve vir do setor privado".
O Produto Interno Bruto (PIB) do Japão cresceu entre julho e
setembro 4,8% em base anual, seu maior aumento desde 2007, por
segundo trimestre consecutivo, mas a queda dos preços continua sendo
a maior preocupação. EFE