Brasília, 14 dez (EFE).- A presidente Dilma Rousseff enviará o projeto de criação do Banco do Sul ao Congresso no mês que vem, convencida que essa entidade "protegerá" a região da crise, disse nesta quarta-feira seu assessor especial para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
A América do Sul "já enfrenta problemas de crédito" derivados da crise global, por isso "a ideia do Banco do Sul deve avançar mais rápido, pois ajudará a resolver uma série de problemas" e será uma "nova ferramenta" para "proteger" a região, declarou Garcia em entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros.
Da iniciativa participam os Governos de Argentina, Brasil, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela, que em setembro de 2009 assinaram o convênio constitutivo da instituição.
Segundo a ata de constituição, o Banco do Sul contará com recursos autorizados de US$ 20 bilhões e um capital assinado de US$ 10 bilhões, com uma contribuição inicial de seus sócios de US$ 7 bilhões.
Desse total, Garcia disse que o Brasil participaria com US$ 2 bilhões, mas esclareceu que o número ainda não está definido.
Segundo o assessor, o Banco do Sul facilitaria os projetos criados para integrar as cadeias produtivas regionais, o que seria um elemento gerador de emprego que, além disso, reduziria a elevada dependência da indústria sul-americana.
A intenção política dos Governos que fazem parte do Banco do Sul se reforça agora pelas dúvidas e perigos da crise global, frisou Garcia, que citou como exemplo as dificuldades enfrentadas pelos setores automotores de Brasil e Argentina.
Em ambos países "há uma elevada dependência de autopeças" que seria reduzida com uma maior produção regional, mediante projetos que podem ser financiados pelo Banco do Sul, explicou Garcia.
"Queremos reduzir as importações extra-regionais e também buscar que o mercado regional de autopeças entre no circuito internacional", salientou.
Garcia reconheceu que, apesar de a União Europeia (UE) ter dado alguns passos em sua tentativa de resolver a crise, persistem a "preocupação" e as "dúvidas" em relação ao futuro imediato e à repercussão que esses desajustes podem ter na América do Sul.
"Esta região continua sendo muito dependente dos países desenvolvidos por isso nada do que acontecer aqui nos será alheio", comentou.
Também alertou que algumas das soluções debatidas na Europa podem ter consequências políticas derivadas do crescente descontentamento social, o que poderia criar "novas ameaças" aos mercados mundiais.
Por essa razão, explicou que Dilma decidiu incluir o projeto de criação do Banco do Sul entre suas prioridades para o próximo ano, mas evitou opinar sobre a duração do trâmite no Congresso, no qual a iniciativa deverá enfrentar a rejeição de setores de oposição.
"O Congresso tem seus ritos, seus trâmites e é soberano", considerou Garcia. EFE