Atenas, 18 jan (EFE).- O Governo grego retomou nesta quarta-feira, em um ambiente de otimismo, as negociações para pactuar com seus credores privados um perdão de sua dívida, com a perspectiva de resolver nos próximos dias o tema mais espinhoso: os juros que terão os novos bônus que sairão da operação.
Esse plano, batizado como Participação do Setor Privado (PSI), supõe o perdão de 50% do valor nominal da dívida e a substituição dos bônus por títulos depreciados, mais uma compensação financiada com o novo empréstimo de 130 bilhões de euros prometido pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os juros da nova dívida provocaram atritos desde que o plano foi anunciado na cúpula europeia de outubro, já que o FMI se nega a financiar títulos com juros superiores a 4%, informou à Agência Efe uma fonte próxima à negociação.
Segundo vários meios da imprensa grega, o Instituto Internacional de Finanças (IIF), que representa bancos e fundos de investimento donos de dívida grega, teria reduzido suas demandas iniciais e estaria disposto a aceitar juros de pouco mais de 5%, enquanto a Grécia quer deixá-lo entre 4 e 4,5%.
Por isso, uma delegação grega se deslocou a Washington para tratar o tema com o FMI, por sua vez o diretor do IIF, Charles Dallara, e seu assessor, Jean Lemierre, negociam em Atenas com o primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, e seu ministro das Finanças, Evangelos Venizelos.
Sem um acordo sobre a PSI, a UE não daria sinal verde ao novo empréstimo, que por sua vez é imprescindível para que a Grécia não caia em quebra no dia 20 de março, quando enfrenta o pagamento de 14,4 bilhões de euros em vencimentos de dívida.
Mas além da PSI, a troika formada pela Comissão Europeia, o FMI e o Banco Central Europeu, cujos analistas se encontram desde terça-feira na Grécia, exige novas medidas de economia, altamente impopulares.
A patronal tinha previsto se reunir nesta quarta-feira com os sindicatos majoritários para negociar a redução dos custos trabalhistas não salariais, embora o encontro teve que ser suspenso depois que o sindicato comunista PAME ocupou o edifício onde ia ser realizada a reunião.
Após um eventual acordo sobre o perdão, se seguiria um período para que os credores acolham a oferta, o que poderia demorar todo o mês de fevereiro, já que, segundo reconheceu uma fonte ministerial grega, "ninguém sabe com exatidão" a quantidade de dívida que possui cada credor, com exceção dos 34% nas mãos dos bancos gregos.
Vários fundos de risco já deram a entender que não têm intenção de submeter-se ao perdão - em princípio voluntário -, esperando que a Grécia quebre ou force a aplicação do acordo mediante uma lei, algo que o Governo não descartou.
Qualquer destes dois casos poderia ser considerado uma moratória, o que ativaria o pagamento das Permutas de Descumprimento Creditício (CDS) com as quais muitos destes fundos têm assegurados seus bônus. "Nestes casos sempre há ganhadores e perdedores, por isso há gente que está apostando contra a Grécia", advertiu um assessor de Papademos.
Perante as perspectivas de acordo, a Bolsa de Atenas fechou nesta quarta-feira com um ganho de 2,68%, que no caso dos valores bancários chegou a acumular uma alta de 6,88%. EFE