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Incerteza sobre câmbio desaba no Brasil e alimenta segurança de investidor

Publicado 17.06.2016, 17:47
© Reuters.  Incerteza sobre câmbio desaba no Brasil e alimenta segurança de investidor
USD/BRL
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SANB11
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Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - A incerteza sobre em qual patamar o dólar deve terminar 2016 caiu ao menor nível em mais de dois anos, mostram dados do Banco Central, após o ápice da crise política que resultou no afastamento da presidente Dilma Rousseff, aumentando a segurança de investidores e barateando o custo de proteção das suas aplicações no país.

O movimento pode ser o primeiro passo para trazer de volta o investimento estrangeiro ao Brasil, mas por enquanto a cautela permanece.

"Como sabemos, a mudança no governo é vista positivamente por investidores locais", afirmou o estrategista de câmbio do Credit Suisse Alvise Marino, acrescentando que a recente política de intervenção do BC no câmbio também contribuiu ao evitar que investidores projetassem quedas muito maiores do dólar.

"Em certa medida, isso já diminuiu os custos de hedge... e redução nas incertezas é, de maneira geral, um incentivo aos fluxos de entrada", acrescentou.

Quase a totalidade das projeções do dólar estava entre 3,36 e 3,96 reais no fim de 2016, intervalo de 0,60 real, segundo cálculo feito pela Reuters com base no desvio-padrão --uma medida de dispersão-- das estimativas que constam na pesquisa Focus do BC mais recente, que ouve semanalmente uma centena de economistas.

Trata-se do menor nível desde março de 2014 e menos da metade do apurado no pico deste ano, em 1º de abril, duas semanas antes da votação do impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados.

"Você tinha riscos importantes presentes antes da votação do impeachment que são muito menores agora. Com o governo novo, por mais que ainda haja dúvidas, há uma agenda mais clara", disse o estrategista da Nomura Securities para a América Latina, João Pedro Ribeiro, referindo-se ao presidente interino Michel Temer.

Veja mais detalhes sobre as projeções: http://tmsnrt.rs/1UBpAoe

Em 2015, investidores interessados em aplicar no Brasil precisavam lidar com intensos atritos entre o Congresso Nacional e o governo Dilma, embate que atrapalhou a implementação de medidas de austeridade em meio ao cenário fiscal negativo.

Temer parece ter mais facilidade para angariar apoio. Além disso, dizem os especialistas, as preocupações com o futuro da economia brasileira já perderam alguma força, com alguns enxergando sinais de que a recessão já chegou ao fundo do poço.

O alívio ajudou a trazer o dólar aos menores níveis em quase um ano frente ao real, fechando a 3,3697 reais em 8 de junho. O movimento foi influenciado também pelo bom humor externo e pela percepção de que o BC tende a ser menos propenso a intervir no câmbio sob a batuta de Ilan Goldfajn, mas sem retirar todas as amarras da moeda norte-americana.

"O BC tem sido bem claro ao indicar que não quer um real mais forte e o fato é que tem muita munição para manter essa postura", disse Marino, do Credit.

Esse cenário também já trouxe algum alívio para empresas que precisam fazer hedge cambial. "O que vimos foi uma redução na atividade de hedge de algumas empresas, principalmente exportadores. Algumas acham que nesse nível do dólar já dá para ficar mais exposto (ao câmbio)", disse o superintendente de tesouraria do Santander (SA:SANB11) Mauricio Auger.

FLUXO

O custo para se proteger de variações do câmbio com opções de três meses de dólar caiu na semana passada ao menor nível desde novembro do ano passado. Essa queda, porém, ainda não se traduziu efetivamente em ingressos de recursos estrangeiros.

Segundo o BC, o país perdeu 30,4 bilhões de dólares pela conta financeira --por onde passam investimentos estrangeiros diretos, em portfólio e outros-- neste ano até 10 de junho, enquanto a participação de estrangeiros no estoque de dívida pública segue perto dos menores níveis em dois anos e meio.

"O investidor estrangeiro tem aguardado confirmação de que o governo vai mudar efetivamente, de que a agenda de fato muda na prática. Ele prefere perder alguns ralis a correr riscos no curto prazo", afirmou o estrategista-chefe da corretora Icap, Juliano Ferreira.

Analistas identificaram diversos fatores que podem ajudar a trazer de volta o apetite por ativos brasileiros, como um programa concreto de recuperação da credibilidade fiscal e sinais de que o Congresso está disposto a implementá-lo.

O fato mais importante no curto prazo, porém, é a confirmação do impeachment de Dilma em julgamento no Senado Federal. Muitos investidores acusam as políticas perseguidas no primeiro mandato de Dilma de serem intervencionistas e expansionistas demais.

"O voto definitivo do impeachment vai ser um marco simbólico, uma data importante para atrair fluxo", afirmou Ribeiro, da Nomura.

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