Inflação nos EUA sobe em outubro e supera previsões

Publicado 18.11.2009, 16:23

Washington, 18 nov (EFE).- O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos Estados Unidos subiu mais que o previsto em outubro, 0,3%, embora os analistas considerem que ainda não existem indícios suficientes para um alerta sobre tensões inflacionárias.

Por trás do aumento dos preços de outubro está, segundo o Departamento de Trabalho americano, o encarecimento dos veículos e especialmente da energia.

Eliminada a energia e a alimentação, que são muito voláteis, o IPC subiria 0,2% no mês passado, mesmo nível de setembro. Os analistas tinham previsto em média um aumento de 0,1%.

Em 12 meses, os preços nos EUA caíram 0,2%, depois que o aumento de outubro minou a deflação acumulada em nível anualizado.

Já o núcleo da inflação subiu em um ano 1,7%, o que indica que a deflação do índice geral em nível anualizado se deve exclusivamente a recuos nos preços da energia e dos alimentos frente a 2008.

Apesar de os dados oferecidos hoje revelarem certa aceleração dos preços, analistas não consideram que seja um motivo de preocupação para o Federal Reserve (Fed, banco central americano), que mantém a taxa básica de juros entre 0% e 0,25%.

"O último relatório sobre o IPC não altera em absoluto o cenário atual, e seguimos esperando para 2010 uma inflação frágil devido à capacidade ociosa que a economia americana ainda tem", disse a economista do BNP Paribas Anna Piretti.

Um estudo detalhado do relatório sobre os preços revela que 90% do aumento do núcleo da inflação em outubro foi em virtude de um salto "drástico" no valor dos veículos.

Também subiram os preços das passagens de avião e os serviços médicos, enquanto caiu o valor das roupas e do entretenimento em geral.

Já o preço da gasolina, do gás natural e de outros combustíveis se elevou 1,5% em outubro, a quinta alta em seis meses, e o valor dos alimentos subiu 0,1%, após ter recuado em dois dos três meses anteriores.

Em setembro, o IPC aumentou 0,2%, enquanto em agosto somou 0,4% de ganho, impulsionado principalmente pelos combustíveis.

Os números sobre a evolução dos preços coincidiu hoje com um relatório do setor imobiliário que reflete as dificuldades que essa área, de onde se originou a crise econômica mundial, ainda atravessa.

Em outubro, o início de obras nos EUA caiu 10,6% em relação ao mês anterior, com o que acumula retração anualizada de 30,7%.

O número de permissões de obra dadas às construtoras também caiu em outubro, 4% frente ao mês anterior, e recuou 24,3% em um ano.

Em outubro foram iniciadas obras em 529 mil imóveis, número inferior na comparação com as 592 mil de setembro e as 763 mil de outubro de 2008.

A maior queda ocorreu nos prédios de apartamentos, onde a construção diminuiu 33,3% frente a setembro. O início de obras em casas unifamiliares, que são as mais comuns nos EUA, desceu 6,8% na comparação com o mês anterior.

O número de obras terminadas em outubro subiu 1,9%, aos 740 mil, 29,9% inferior ao volume do mesmo mês de 2008.

Os números ruins de outubro para o setor refletem a incerteza em torno de um abono de US$ 8 mil para as pessoas que compram sua primeira casa, cujo fim estava previsto para o final do ano.

O Congresso estendeu em princípios deste mês o programa e aprovou uma nova ajuda de US$ 6.500 para pessoas que já possuem uma casa e querem comprar outra.

Por isso, os analistas preveem que a construção se recupere nos próximos meses. EFE

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