Teerã, 8 dez (EFE).- Autoridades iranianas criticaram com dureza a postura da chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, nesta quarta-feira após a reunião em Genebra e a acusaram de ter mudado de discurso em declarações à imprensa.
Uma fonte não identificada citada pela agência de notícias local "Fars", inclusive ameaçou publicar o conteúdo das gravações feitas durante a reunião.
"Caso Ashton prossiga com suas declarações irreais, os arquivos de áudio da reunião serão divulgados pela parte iraniana", garantiu a fonte.
O Irã e o denominado grupo 5+1, composto pelos Estados Unidos, Reino Unido, China, França, Rússia e Alemanha, retomaram o diálogo na segunda-feira em Genebra sobre o controvertido programa nuclear iraniano após quase 14 meses de interrupção.
A reunião foi encerrada com uma proposta para prosseguir com as conversas no final de janeiro em Istambul.
Logo após, Ashton afirmou que "foram dois dias de reuniões centradas no programa nuclear iraniano e na necessidade de que o Irã aceite as obrigações internacionais".
"Concordamos com o Irã em continuar com as conversas no final de janeiro em Istambul, onde planejamos discutir ideias práticas e vias de cooperação para solucionar as preocupações sobre o tema nuclear", afirmou Asthon.
Quase duas horas depois, e com um visível mal-estar, o chefe negociador iraniano, Saeed Jalili, afirmou que o único resultado concreto tinha sido que as conversas devem "basear-se na cooperação e não em pressões".
"Concordamos em manter conversas para a cooperação em busca de uma base comum, e tudo o que se diga diferente de isso não é válido. Afirmar outra coisa contribuiria para criar desconfiança e é uma falta de respeito", acrescentou.
O comitê de Segurança Nacional e Política Externa do Parlamento iraniano afirmou que a postura europeia é "um sinal do seu nervosismo".
"Irã apresentou uma postura lógica e forte e defendeu bem os direitos do povo iraniano...o nervosismo dos ocidentais é tal que nem sequer se comprometeram com os temas que foram estipulados na reunião", declarou.
Grande parte da comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos e Israel, acusa o regime iraniano de ocultar, sob seu programa civil, ambições bélicas cujo objetivo seria adquirir armas atômicas.
As suspeitas se centram, sobretudo, no programa de enriquecimento de urânio do Irã, país que advertiu que sob nenhum conceito renunciará a este direito. EFE