Japão retoma política de juro zero para reativar economia

Publicado 05.10.2010, 08:29
Atualizado 05.10.2010, 09:14

Jairo Mejía.

Tóquio, 5 out (EFE).- O Banco do Japão (BOJ) baixou hoje os juros virtualmente para zero, em um movimento inesperado e sem data para finalização que tenta escorar a recuperação econômica e resistir a persistente deflação japonesa.

Após a reunião mensal de dois dias, a entidade emissora decidiu por unanimidade baixar o preço do dinheiro a uma categoria entre zero e 0,1%, retornando a política de juros zero utilizada pela última vez entre 2001 e 2006.

Em comunicado, o Banco do Japão indicou que manterá está política até que julgue oportuno para conseguir estabilidade de preços a médio e longo prazo, embora tenha admitido que a geração de desequilíbrios com essa postura.

Além disso, anunciou que estudará um ambicioso programa no valor de 5 trilhões de ienes (43,5 bilhões de euros) para adquirir bônus do Governo e outros tipos de ativos e injetar novos fundos a uma economia que precisa de estímulos.

Desde dezembro de 2008, as taxas de juros do Japão tinham permanecido em 0,1%, um nível excepcionalmente baixo que complementou desde então com injeções de liquidez para estimular a despesa de empresas e famílias.

Apesar das medidas de flexibilização monetária e dos programas de estímulo econômico aprovados pelo Governo nos últimos dois anos, a economia japonesa não consegue se recuperar pela queda dos preços e um iene excepcionalmente forte, um ciclo negativo em plena saída da pior recessão do país desde o pós-guerra.

A decisão do BOJ teve uma repercussão instantânea na bolsa de valores de Tóquio e elevou o índice Nikkei a alta de 1,47%, enquanto o dólar teve valorização frente ao iene, fechando em 83,50 unidades, acima dos 83,23 ienes de segunda-feira.

Em 15 de setembro, o Governo japonês, com o apoio do BOJ, decidiu investir no mercado de divisas pela primeira vez em seis anos e meio para frear um iene no seu nível mais alto em 15 anos, um problema que alimenta a deflação e prejudica os exportadores.

O BOJ esteve submetido a uma grande pressão para que tomasse medidas excepcionais que deem novos brios à economia, embora alguns tipos que chegaram ao fundo do poço esgotam agora as possibilidades de manobra das autoridades monetárias no futuro.

Apesar de no período abril-junho o Produto Interno Bruto (PIB) do Japão ter aumentado a um ritmo anual de 1,5%, o BOJ declarou que "o ritmo de recuperação está caindo, em parte pelo arrefecimento das economias estrangeiras e os efeitos da apreciação do iene".

Japão repetiu nesta terça-feira uma decisão tomada entre fevereiro de 1999 e agosto de 2000 - e retomada em março de 2001 até julho de 2006 - em cenários de estagnação econômico marcados pelo fim da bolha financeira e imobiliária e um baixo nível de consumo e investimento.

A política de juros em zero tenta facilitar, até o extremo de oferecer "dinheiro de graça", que as entidades financeiras tomem emprestado e coloquem dinheiro em circulação na economia, um convite ao gasto e, portanto, a inflação.

O Governo, que tinha pressionado em repetidas ocasiões para que a entidade emissora abordasse com mais determinação os problemas da economia japonesa, celebrou a decisão do BOJ porque coincide com os esforços do Executivo para superar a deflação.

O governador do BOJ, Masaaki Shirakawa, reconheceu que é de esperar que a economia japonesa se deteriore mais do que o previsto inicialmente e alertou sobre os riscos em torno dos juros zero. EFE

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