Ramón Abrange.
Londres, 13 mar (EFE).- Rebekah Brooks, durante anos a rainha dos tabloides britânicos e braço direito do magnata Rupert Murdoch, teve uma ascensão meteórica na carreira, mas sua queda foi ainda mais rápida pelo efeito demolidor do escândalo das escutas.
A ruiva jornalista de 43 anos, detida nesta terça-feira pela segunda vez na investigação das escutas telefônicas no Reino Unido, chegou a ser uma das mulheres mais influentes do mundo da comunicação graças a uma mistura infalível de ambição, charme pessoal e habilidade para lidar com o poder.
Rebekah, que tinha com Murdoch uma relação quase familiar até sua demissão em julho do ano passado como ex-diretora-executiva do grupo jornalístico News International, conseguiu se impor em um mundo, o dos tabloides britânicos, dominado por homens.
O caso das escutas e o nascimento de sua filha em janeiro por meio de uma mãe de aluguel mantiveram a ambiciosa ruiva afastada por alguns meses. Mas sua detenção nesta terça junto com seu marido, Charlie, ambos por obstrução à justiça, pode complicar a situação dessa executiva extremamente bem relacionada.
Sua carreira no jornalismo foi meteórica: em 1989 entrou no dominical sensacionalista "News of the World" e em 2000, aos 32 anos, chegou ao cargo de diretora, o que a transformou na mulher mais jovem à frente de um jornal de âmbito nacional no Reino Unido.
Nos três anos em que esteve à frente do "News of the World", a publicação realizou diversas escutas ilegais para conseguir informações de políticos, famosos, atletas e até vítimas de crimes, como a menina Milly Dowler, cuja descoberta provocou o escândalo e a queda da jornalista.
Rebekah chegou ao mundo dos tabloides britânicos pisando forte e demonstrando falta de escrúpulos na hora de conseguir uma boa manchete.
O jornalista Piers Morgan, que trabalhou com ela, conta em seu livro de memórias "The Insider" como sua então colega de trabalho não duvidou em encher de microfones um quarto de hotel ocupado por James Hewitt para demonstrar que ele tinha um relacionamento com a princesa Diana.
O livro revela ainda como Rebekah fingiu ser uma funcionária da limpeza do jornal "The Sunday Times", também do império Murdoch, para obter uma informação exclusiva para essa publicação sobre uma biografia do príncipe Charles, o que acabou conseguindo.
Após três anos no "News of the World", Rebekah passou a dirigir o "The Sun", outro jornal do grupo e o mais lido do Reino Unido, no qual permaneceu até 2009, quando foi nomeada diretora-executiva da News Internacional.
Assim a rainha dos tabloides se pôs à frente da divisão britânica do império midiático de Rupert Murdoch, que inclui ainda o "The Times" e 39% da plataforma de televisão por satélite "BSkyB", com 10 milhões de assinantes no Reino Unido.
A jornalista dirigia até sua demissão em julho um conglomerado midiático com 3 mil funcionários. Em toda sua carreira, Rebekah esteve sempre perto do poder: manteve boas relações com o ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair e com o atual "premiê" conservador, David Cameron.
Seu segundo marido, o treinador de cavalos Charlie Brooks, com quem se casou em 2009 e que adotou o seu sobrenome, é amigo íntimo de Cameron desde os tempos da escola, quando estudavam no elitista colégio de Eton.
O casal, da mesma forma que o primeiro-ministro do Reino Unido, tem uma casa de campo em uma das áreas mais caras e exclusivas do país, Chipping Campden, no condado de Oxfordshire.
A antiga amizade e a vizinhança os fez compartilhar jantares e, principalmente, polêmicos passeios a cavalo que deram muito o que falar.
Um alto comando da Polícia revelou em fevereiro que a Scotland Yard deu a Rebekah Brooks um cavalo, o que evidenciou as boas relações da jornalista e quem devia investigar o escândalo das escutas.
Dias depois, David Cameron teve de reconhecer que ele mesmo já havia andado no animal durante em um passeio com Charlie Brooks.