Nova York, 30 dez (EFE).- Grande parte dos líderes muçulmanos de Nova York faltou ao tradicional café da manhã que o prefeito Michael Bloomberg oferece no fim de ano, em protesto pela suposta espionagem da Polícia.
"Queremos protestar pelas técnicas policiais que ameaçam os direitos de nossa comunidade", explicou à Agencia Efe a diretora da Associação de Árabes Americanos em Nova York, Linda Sarsour, uma das ausentes no café da manhã com líderes de diversas crenças com o qual Bloomberg aposta pelo entendimento entre as religiões.
Cerca de 15 líderes muçulmanos não foram ao evento para protestar pelas práticas discriminatórias que a comunidade afirma sofrer, devido às informações de que a Polícia de Nova York espionou durante anos nova-iorquinos muçulmanos durante a luta antiterrorista.
Linda Sarsour é uma das signatárias de uma carta enviada na quinta-feira ao prefeito, que relata que "a Polícia vigiou e obteve informações de nova-iorquinos em cerca de 250 mesquitas, escolas e empresas em toda a cidade, simplesmente por sua religião e não porque tenham mostrado comportamento suspeito".
A polêmica remonta a agosto, quando foram divulgados vários documentos indicando que a Polícia infiltrou agentes para informar sobre possíveis extremistas, embora não contasse com indícios para isso, durante a década posterior aos atentados de 11 de setembro de 2001 contra as Torres Gêmeas.
O café da manhã aconteceu na Biblioteca Pública de Nova York, na Quinta Avenida de Manhattan, com cerca de 350 presentes. Durante sua realização, o prefeito evitou se referir diretamente à polêmica, mas falou em acabar com a discriminação.
Alguns líderes muçulmanos que participaram do evento destacaram seu mal-estar pelo fato de que Bloomberg não tenha feito referência direta à situação.
Pouco antes, o prefeito defendeu a gestão da Polícia durante uma participação em um programa de rádio, e afirmou que os agentes não discriminam "nenhum grupo étnico" nem descumprem a lei. EFE