São Paulo, 19 out (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
propôs hoje ao presidente colombiano, Álvaro Uribe, "dobrar" a
corrente comercial bilateral durante o tempo de Governo que resta a
ambos.
"Estou propondo ao presidente Uribe que nos 14 meses que me
restam de mandato e nos teoricamente dez que faltam para ele - pois
não sei o que a Corte Constitucional colombiana vai decidir (sobre
um 3º mandato) - nos dediquemos a dobrar o comércio", afirmou Lula
ao fim de um seminário empresarial em São Paulo.
O segundo mandato de quatro anos de Uribe termina em 7 de agosto
de 2010 e o de Lula, em 1º de janeiro de 2011.
O comércio bilateral chegou no ano passado a US$ 3,1 bilhões, com
superávit de US$ 2,3 bilhões para o Brasil, segundo números citados
pelos dois países durante o encontro empresarial realizado hoje na
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Durante seu discurso no fórum empresarial, Lula destacou que a
América do Sul está surgindo como um pólo dinâmico da economia
mundial e a Colômbia, por sua localização estratégica entre o
Atlântico e o Pacífico, é um "parceiro indispensável".
Lula afirmou que para acentuar essa relação bilateral há
mecanismos como o Banco do Sul, o acordo Mercosul-Colômbia e os
pagamentos em moeda local.
O presidente brasileiro questionou o fato de que apesar de Brasil
e Colômbia terem mais de 1.600 quilômetros de fronteira comum, 45%
das exportações colombianas tenham como destino os Estados Unidos.
"Isso não é possível! O Brasil sempre foi vendido no passado por
alguns empresários colombianos como o grande inimigo, o grande
adversário econômico, e agora o Brasil tem que tomar o ataque para
financiar os negócios na região, não como um papel hegemônico, mas
de integração", continuou Lula.
Uribe concordou com Lula e afirmou que antes não havia uma
fronteira, mas "uma parede", e os dois países eram "vítimas do temor
do tamanho do mercado brasileiro e da violência que se vivia na
Colômbia".
O presidente colombiano destacou a presença de investidores
brasileiros em seu país e citou como exemplo a participação que têm
nos sistemas de transporte em massa, assim como na área de
biocombustíveis.
"Os biocombustíveis não têm por que afetar a floresta e atentar
contra a segurança alimentar. Pelo contrário, estamos levando esta
indústria a áreas usadas pelo narcotráfico que atentavam contra o
meio ambiente", apontou.
No encontro com Lula, Uribe propôs a Lula que participe do avanço
de um corredor terrestre e fluvial que unirá os portos de Tumaco, no
Pacífico colombiano, e Belém, no Pará.
"Estamos em plena execução de uma estrada Tumaco-Puerto Asís e
estamos oferecendo ao Brasil os direitos de passagem nessa estrada,
que os levará ao Pacífico, em troca de que os brasileiros se
encarreguem da navegação fluvial pelo rio Putumayo", explicou.
Uribe agradeceu a Lula pelo apoio do Brasil à candidatura de
Bogotá para organizar os Jogos Pan-americanos de 2015 e pelo
trabalho conjunto na construção de um avião de carga, o maior
produzido na região, a cargo da Embraer.
"Eu não hesito em pedir ajudas ao presidente Lula e hoje, como
para variar, pedi um favor bem particular", indicou Uribe, sem dar
detalhes do pedido, sobre o qual o presidente brasileiro também não
quis falar.
Lula e Uribe encerraram hoje em São Paulo o Encontro Empresarial
Brasil-Colômbia, no qual participaram autoridades, ministros e 246
empresários de ambos os países.
Os dois presidentes falaram também da intenção de realizar em
novembro próximo, em Manaus, uma cúpula de países amazônicos para
definir uma proposta conjunta a ser levada à Cúpula de Copenhague
sobre mudança climática e sobre o polêmico acordo militar entre
Colômbia e EUA. EFE