Buenos Aires, 5 fev (EFE).- O chanceler brasileiro, Celso Amorim,
assegurou hoje que existe "a vontade política" do Mercosul para
chegar a um "acordo possível" com a União Europeia (UE) que supere
as posições dogmáticas que no passado paralisaram as negociações
entre ambos os blocos.
Após ter se reunido nesta quinta-feira com a presidente
argentina, Cristina Fernández, Amorim explicou hoje em entrevista
coletiva em Buenos Aires que pôde confirmar "mais uma vez" que "não
há nenhuma diferença de percepção" entre Argentina e Brasil no que
diz respeito ao "desejo" de se chegar a um acordo de associação
política e comercial com a UE.
"Sem dúvida nenhuma queremos fazer um grande progresso sob a
Presidência da Argentina no Mercosul e acho que podemos fazê-lo",
afirmou o chanceler, que hoje participou da primeira reunião da
comissão ministerial criada em novembro do ano passado para tentar
resolver as diferenças comerciais entre ambos os países.
No entanto, insistiu em que é "indispensável" a negociação para
superar as dificuldades, já que são conscientes que há problemas
relacionados com "algumas posições que no passado foram um pouco
dogmáticas quanto ao que significa um acordo de livre-comércio".
"Eu acho que se nos concentramos no acordo possível, não somente
será muito bom para o Mercosul, mas terá um efeito positivo nas
negociações comerciais multilaterais que neste momento estão
estagnadas", apontou.
O maior bloco comercial sul-americano e a UE iniciaram suas
conversas para um acordo em 1999, mas as negociações estão
estagnadas desde 2004, principalmente por grandes diferenças nas
áreas de comércio de bens industriais e agrícolas.
No entanto, no final do ano passado ambos os blocos deram fortes
sinais políticos para buscar relançar as negociações em 2010, e
aproveitar assim a coincidência que este semestre a Espanha preside
a UE e a Argentina faz o mesmo no Mercosul.
Neste sentido, os coordenadores técnicos dos quatro parceiros do
Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) se reunirão na
próxima terça-feira em Buenos Aires para acertar posições para o
reinício das negociações. EFE