O dólar caiu hoje ante a maioria das outras divisas, após o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos trazer números inferiores à expectativa dos analistas nos Estados Unidos. O euro e a libra, por sua vez, subiram, em meio a indicadores do continente. Ainda entre os focos no mercado cambial, o dólar no mercado paralelo da Argentina renovou máxima histórica, com o peso sob pressão. Na China, além dos números da balança comercial, esteve em foco a defesa pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de um maior uso de moedas locais no comércio entre os membros do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 132,73 ienes, o euro subia a US$ 1,1050 e a libra tinha alta a US$ 1,2527. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,48%, a 101,011 pontos.
O PPI dos recuou 0,5% em março ante fevereiro, quando analistas ouvidos pelo Wall Street Journal projetavam estabilidade, com alta de 0,1% no núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, na mesma comparação, ante expectativa de avanço de 0,2%. O dado pressionou o dólar, que ampliou perdas ante outras divisas principais. O Citi considerava, porém, que os principais componentes de serviços do PPI ainda apontam para força subjacente no índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
No monitoramento do CME Group, houve queda na chance de uma alta de 25 pontos-base nos juros pelo Fed na decisão de 3 de maio, mas este desfecho ainda aparecia no fim da tarde como o mais provável (67,9%), com 32,1% de possibilidade de manutenção dos juros.
Ainda antes do dado, o Julius Baer comentava o quadro da inflação nos EUA, após a publicação ontem do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês). O banco projeta que o euro ganhe fôlego nesse contexto, podendo avançar a US$ 1,12 em três meses.
Na agenda europeia, no Reino Unido a produção industrial recuou 0,2% em fevereiro ante janeiro, quando analistas projetavam alta de 0,2%. O economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Huw Pill, previu que a inflação desacelere no segundo trimestre no país, mas advertiu que essa trajetória pode ser "acidentada. Na zona do euro, a produção industrial cresceu 1,5% em fevereiro ante janeiro, mais que a alta de 0,6% projetada por analistas. Enquanto isso, alguns dirigentes, como Bostjan Vasle e Martins Kazaks, não descartavam mais altas nos juros, para conter a inflação.
Na Ásia, durante sua visita à China, Lula defendeu a adoção de moedas alternativas ao dólar, para o comércio entre os emergentes. A possibilidade de maior comércio em yuan esteve em destaque na imprensa chinesa, ao reportar a viagem do líder brasileiro. Já na agenda de indicadores local, a balança comercial da China registrou superávit de US$ 88,19 bilhões em março, bem acima da previsão de US$ 41 bilhões dos analistas ouvidos pelo Wall Street Journal. O Julius Baer, ao avaliar o dado, destacou o impulso dado pelo relaxamento nos gargalos das cadeias de produção locais, após Pequim reverter sua política mais rígida contra a covid-19.
Já na Argentina, o dólar no mercado paralelo ("dólar blue") bateu novo recorde, negociado a 400 pesos em Buenos Aires, segundo o jornal Ámbito Financiero. O país segue enfrentando quadro difícil na economia, com inflação elevada e perspectiva de crescimento fraco, enquanto renegocia o pacote em andamento com o Fundo Monetário Internacional (FMI). No câmbio oficial, o dólar subia a 214,7567 pesos, no horário citado.