Pequim, 17 mai (EFE).- O presidente da Comissão Europeia, Herman Van Rompuy, defendeu nesta terça-feira em Pequim a estabilidade do euro e a proteção dos direitos humanos, e exortou a China a aprender a lição da "primavera árabe".
"O euro é a segunda divisa de reserva do mundo, uma divisa forte e estável, inclusive forte demais, comparada, por exemplo, com a moeda de vocês", o iuane, assinalou o belga em discurso na Escola Central do Partido Comunista da China (PCCh).
Na mesma linha que manteve na segunda-feira durante seu encontro com o presidente chinês, Hu Jintao, Rompuy agradeceu pela "confiança que a China demonstrou com relação à Europa nestes momentos difíceis", em referência à crise fiscal que enfrentam países como Grécia, Irlanda e Portugal, que ontem recebeu um pacote de resgate de 78 bilhões de euros.
Rompuy assinalou na China, que investiu um volume não determinado de sua reserva de divisas em dívida europeia, que estas economias "periféricas" representam apenas 6% do PIB da Eurozona.
A UE espera para este ano crescimento de 1,8% (1,6% na zona do euro) e de 2% em 2012, pelo que "a recuperação econômica está a caminho" e todos os países "da UE estão reduzindo seus déficits públicos, enquanto os países mais vulneráveis estão tomando ações determinadas para sair da crise".
A primeira visita de Rompuy à China como principal líder europeu é qualificada de "estratégica" em um momento no qual Bruxelas necessita de investimentos para sair da crise.
Isto não foi obstáculo, porém, para que o presidente da Comissão Europeia se referisse aos direitos humanos e à "primavera árabe".
"A reputação e a imagem da China, assim como sua influência, mudarão por fatores que vão além de seus resultados econômicos", manifestou o europeu durante seu discurso, um aspecto que também ressaltou durante seu encontro com Hu.
A China produz desde fevereiro sua mais feroz campanha de repressão da dissidência, com centenas de ativistas, intelectuais, artistas e advogados detidos.
"Salvaguardar os direitos humanos e o estado de direito é parte" de uma boa imagem. "A China e a UE aderem a instrumentos internacionais que consagram os valores universais dos direitos humanos e temos a responsabilidade de ratificá-los", acrescentou.
Da mesma maneira, Rompuy exortou a China a aprender as lições da chamada "primavera árabe", como fez a UE.
"Da mesma forma que no leste europeu na década de 90, apoiaremos qualquer iniciativa que leve ao progresso democrático e às reformas sociais e econômicas que beneficiem os cidadãos. Para nós, a 'primavera árabe' foi uma recordação de que a justiça, a democracia e o desenvolvimento social são universais".
"Levará muito tempo para integrar estas economias e seus 400 milhões de pessoas. A UE e outros membros da comunidade internacional estão fazendo a sua parte. Convido a China a participar deste esforço coletivo", disse Rompuy.
O presidente da Comissão Europeia chegou à China para visita de quatro dias no domingo, quando visitou a província sudoeste de Sichuan, cuja reconstrução após o terremoto de 2008 comparou com a da "Alemanha no pós-guerra", e na tarde desta terça-feira se reunirá com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao.
Na quarta-feira, Rompuy seguirá para Xangai, onde discursará na escola de negócios CEIBS e se reunirá com o bispo da metrópole, em um novo gesto de defesa dos direitos fundamentais. EFE