Oslo, 8 out (EFE).- O ministro norueguês de Assuntos Exteriores,
Jonas Gahr Store, ressaltou hoje que o Comitê Nobel, que distinguiu
o dissidente chinês Liu Xiaobo com o prêmio da Paz, é independente,
e pediu à China que aceite as críticas que vêm de fora.
"Dissemos todo o tempo que há uma clara linha entre um Comitê
independente e o Governo norueguês. Devem entender que assim
funciona nossa sociedade", declarou à televisão pública "NRK" Store,
que acrescentou que "não temos que pedir perdão pelo trabalho do
Comitê".
Store admitiu que não é nenhum "segredo" que Pequim pressionou
várias vezes às autoridades norueguesas, a quem advertiu que a
concessão do Nobel a Xiaobo ou a outro dissidente chinês teria
consequências negativas para as relações entre ambos os países, mas
considerou que uma resposta assim não tem fundamento.
"Minha posição é que não há base para tomar medidas contra a
Noruega como país, isso prejudicaria ainda mais o prestígio da
China. Têm que deixar um espaço às críticas do exterior", assinalou.
O ministro norueguês disse que às autoridades chinesas lhes
resulta difícil compreender a independência do Comitê Nobel e do
Governo porque se trata de culturas diferentes, mas destacou que
Oslo não se desculpará e que protegerá a "integridade" desta
instituição.
A Noruega leva a cabo uma política a longo prazo com Pequim e
seguirá com essa linha de forma normal, declarou Store, para quem as
hipotéticas reações da China correrão por conta deste país.
Em comunicado, o primeiro-ministro norueguês, o trabalhista Jens
Stoltenberg, destacou que com a escolha de Liu Xiaobo o Comitê Nobel
quer chamar a atenção sobre a situação dos direitos humanos na China
e ressaltar a vinculação entre desenvolvimento, democracia e
direitos humanos universais.
A situação de Liu, que cumpre uma condenação de 11 anos de
prisão, foi tratada pelo Governo norueguês várias vezes em suas
reuniões com autoridades chinesas, ressaltou o primeiro-ministro.
EFE