Rio de Janeiro, 18 nov (EFE).- O fortalecimento das políticas dirigidas à juventude afrodescendente é o caminho que deve ser seguido para superar as desigualdades, a discriminação e a exclusão que esta comunidade sofre na América Latina, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira pela ONU.
Esta é uma das principais conclusões do relatório "Juventude afrodescendente na América Latina: realidades diversas e direitos (des)cumpridos", apresentado em Salvador pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
"Um dos desafios políticos desta etnia é superar a falta de estatísticas confiáveis sobre eles mesmos", disse a diretora do UNFPA para América Latina e o Caribe, Marcela Suazo, no encontro ibero-americano Afro XXI, realizado no Ano Internacional dos Afrodescendentes.
O estudo mostra que a partir do Censo elaborado em 2000, os jovens afrodescendentes que vivem nesta região superaram os 24 milhões e se tornaram um dos grupos populacionais que enfrenta as maiores desigualdades, exclusão e discriminação.
O Brasil é o país que reúne o maior número de jovens descendentes de negros, 22 milhões, seguido pela Colômbia, Equador e Panamá, que acolhem juntos cerca de 1,4 milhão.
"A disponibilidade de dados confiáveis permitiria evidenciar as desigualdades que esta etnia enfrenta e contribuir para a elaboração de políticas afirmativas", disse Marcela.
Apesar da visibilidade deste grupo ter aumentado, entre outros fatores, devido ao surgimento de instituições dedicadas à defesa de seus direitos, o UNFPA sustenta que estes negros e descendentes sofrem uma "tripla exclusão" por sua origem étnica, baixo poder aquisitivo e por serem jovens.
Segundo seus representantes, o relatório divulgado nesta sexta-feira é o primeiro que apresenta um panorama regional das dinâmicas populacionais dos jovens descendentes de africanos e estuda a inserção deste grupo em áreas essenciais como o acesso à educação e ao emprego.
O Afro XXI termina neste sábado com uma reunião na qual é esperada a presença dos presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, e do Uruguai, José Mujica. EFE