Wanda Rudich.
Viena, 14 set (EFE).- A defesa do preço do barril, a criação de
petrolíferas nacionais e a ampliação de seu poderio são algumas das
conquistas celebradas pela Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep) nesta terça-feira, quando o organismo completa 50
anos.
"A Opep foi criada em 1960 por iniciativa de Venezuela, Irã,
Arábia Saudita, Kuwait e Iraque. Hoje vamos celebrar nosso 50º
aniversário. Felizmente, alcançamos a maioria dos nossos objetivos",
assinalou o secretário-geral da Opep, o líbio Abdallah Salem
el-Badri, em entrevista à Agência Efe.
Hoje "a Opep é uma organização muito importante para o mundo,
porque estamos fornecendo 40% do petróleo mundial e temos 80% das
reservas. O mundo depende de nós para o fornecimento de petróleo",
destacou o secretário-geral.
El-Badri explicou que, para compreender o alcance dessas
conquistas, é preciso se referir "a 1960 ou até mais atrás: ao tempo
no qual o mundo era dominado pelas sete irmãs".
Ele aludiu assim às gigantes do setor Exxon, Chevron, Mobil,
Shell, Texaco, Gulf e British Petroleum (BP), conhecidas como "Sete
Irmãs", que, quando se viram em situação desfavorável pela antiga
União Soviética ter invadido o mercado com sua crescente produção,
decidiram baixar o preço oficial que pagavam aos Governos dos países
produtores.
Algumas "nações valentes então disseram basta, se juntaram, e
foram capazes de estabelecer a organização em 14 de setembro de
1960, em Bagdá", lembrou.
Segundo El-Badri, após a primeira "era de aprendizagem" passaram
anos conflituosos antes que se iniciasse uma etapa de maturidade.
Mas, apesar dos múltiplos problemas, "com o tempo (os
países-membros) foram capazes de controlar os recursos", influir nos
preços e criar suas companhias petrolíferas nacionais. Além disso,
foram atraindo mais países e hoje a organização conta com 12
membros.
Após ter fracassado na tentativa de fixar o preço do barril, hoje
a estratégia se concentra "na gestão do fornecimento", ou seja, os
ministros do setor dos países-membros se reúnem com regularidade
para estudar o mercado e ajustar a oferta.
"Quero enfatizar que não fixamos nenhum preço com nenhum país ou
nenhuma organização", ressaltou El-Badri.
Quanto ao futuro, o diretor-geral disse esperar que a Opep
"prossiga seu curso com os mesmos objetivos, mas deve estar alerta
às mudanças, porque o mundo está mudando muito rapidamente".
Além disso, "os países-membros devem encontrar outras fontes de
receita. Os carburantes fósseis serão as principais fontes de
energia no futuro previsível. Durante esse tempo, a Opep deve
trabalhar duro para diversificar as economias (dos países-membros)".
Quanto ao nível atual dos preços dos barris de petróleo, que já
registram 13 meses oscilando entre US$ 70 e US$ 80, o
secretário-geral disse que o dado revela que "a economia mundial não
está se movimentando com rapidez".
"A economia não está realmente se recuperando. Os pacotes de
estímulo lhe permitiram crescer, mas o mercado está atento a esses
pacotes, para ver como será a saída deles, coisa que ainda se
desconhece", explicou.
Apesar das atuais cotações mostrarem certa estabilidade, ao mesmo
tempo, há "muita volatilidade. Os preços sobem e caem US$ 10. Isso é
muito. A média é US$ 78, sobem para US$ 84, e depois descem para US$
74 e US$ 70, em três dias. Não queremos isso. Queremos, pelo menos,
preços estáveis. Não fixamos nenhum nível", insistiu.
Sobre o mercado físico, explicou que "há óleo cru suficiente. Não
há escassez de petróleo neste momento. Cerca de 62 milhões de barris
armazenados em navios, junto com os estoques dos países da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE),
superam em 139 milhões de barris a média dos últimos cinco anos. É
petróleo demais, mas não é alarmante." EFE