Investing.com – Com dólar rondando quase R$5,30, as expectativas do mercado indicam força da moeda americana neste ano, ainda que não em um patamar tão elevado, mas em torno de R$5,05 de acordo com o último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central. Para Patricia Nomura, diretora de câmbio na Terra Investimentos, que projeta dólar em torno de R$5,10 ao final deste ano, tanto o ambiente interno quanto externo contribuem para este cenário.
Para a especialista da recém-criada Terra Câmbio, entre os motivos para a apreciação recente da moeda dos Estados Unidos frente ao real brasileiro estão as incertezas a respeito de um possível início de ciclo de cortes nos juros pelo Federal Reserve nos EUA, com a percepção de mercado de que eles ficarão elevados por mais tempo. Com a proximidade das eleições, com forte oposição entre os candidatos Donald Trump e Joe Biden, a volatilidade pode aumentar.
Além disso, no contexto doméstico, ruídos políticos, risco fiscal, com gasto público na mira do mercado, e a troca no comando do Banco Central, que terá saída de Roberto Campos Neto, são fatores monitorados de perto por investidores e tornam o contexto ainda mais turbulento.
Confira a entrevista:
Investing.com – O último Boletim Focus do Banco Central aponta que economistas consultados pela autoridade monetária estimam um câmbio de R$5,05 ao final deste e do próximo ano. Vocês concordam com esse entendimento? Por quais motivos?
Patrícia Nomura – A expectativa da Terra é por volta de R$5,10, aproximadamente, ao final do ano. Tivemos a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que foi uma decisão não unânime, o que deixa o mercado atento, tendo em vista que este é o último ano de mandato do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ano que vem, provavelmente, vai ser o Gabriel Galípolo que assume, e surgem preocupações com um viés político. Como ele tende a ser indicado do governo, o investidor estrangeiro fica de olho, fica meio receoso com isso, e atento ao cumprimento da meta fiscal.
Inv.com – Quais os principais drivers positivos e negativos para a moeda no Brasil?
Nomura – O viés político deve tomar conta, pode ser que traga um receio maior para a moeda brasileira. Além disso, temos a questão do arcabouço fiscal, o mercado vai monitorar se será possível tentar zerar o déficit público, levando em consideração que os gastos ainda estão muito altos. A inflação também entra no radar, com a meta do Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3% e a expectativa do mercado bem acima da meta que precisa ser cumprida pelo Banco Central. A evolução de taxa de juros americana também deve ser vista de perto.
Inv.com – E no cenário global, qual impacto dos juros americanos no patamar atual da moeda americana?
Nomura – Apesar de uma expectativa de corte dos juros americanos, provavelmente lá em setembro, o mercado segue com dúvidas. Então, se os juros forem reduzidos por lá, a nossa moeda vai estar enfraquecida diante da força do dólar. Os investidores saem daqui e vão para fora porque aqui também tem muita dúvida. Então depende muito do que vai acontecer lá para influenciar aqui.
Inv.com – É esperada maior volatilidade com a expectativa diante das eleições americanas?
Nomura – Eu acho que sempre gera. Temos eleição, expectativa de corte, mudança de presidente do Banco Central. Tudo fica muito especulativo. Temos nossa projeção, mas, se de repente acontece alguma coisa, explode algo, sai alguma notícia forte, o cenário pode mudar.
Inv.com – No caso de viagens, qual a orientação para quem quer comprar dólar neste momento volátil?
Nomura – Se eu vou viajar daqui a seis meses, seis meses antes eu já estou comprando de pouquinho em pouquinho para fazer um preço médio da taxa. Se comprar por app, realizar remessa com a corretora ou direto com o banco, prefira fazer um preço médio para não sofrer do coração.
Inv.com – A área de câmbio da Terra foi lançada recentemente. Quais as principais atividades e funcionalidades?
Nomura – Nós pedimos ao Banco Central a licença em 2022 e, em 2023, o BC nos concedeu a licença para operar na posição própria, ou seja, podemos atuar como se fosse um banco em remessas de até US$300 mil ou outra moeda no valor equivalente. A primeira operação na posição própria foi dia 13 de março.
Hoje no mercado existem muitas corretoras de câmbio, elas são nichadas em um único produto, e o que vai diferenciar a Terra de outras corretoras que são só câmbio, é que a Terra está unindo tudo num único lugar. Então a pessoa entra na Terra e pode comprar o câmbio, fazer remessa, seguro, assessoria, então o cliente Terra ele tem um leque de serviços que ele pode utilizar tudo no mesmo lugar, dando facilidade para o cliente.
A princípio, a operação visa atender importadores e exportadores, pessoas que têm conta lá fora e querem fazer disponibilidade, nossos clientes que têm filhos que moram no exterior ou alguém que quer pagar um MBA, um curso, ou até os devs que prestam muitos serviços de tecnologia para fora, que visam receber através da nossa corretora. De repente ele recebe na corretora, já investe na assessoria e assim ele tem tudo num único lugar.
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