Países "grandes" são os mais beneficiados na nova Comissão Europeia

Publicado 27.11.2009, 14:08

Bruxelas, 27 nov (EFE).- Os países mais importantes da União Europeia (UE), entre eles Espanha, França e Reino Unido, foram os principais beneficiados pelas nomeações de ministros da nova Comissão Europeia, anunciadas hoje pelo presidente do órgão, o português José Manuel Durão Barroso.

"Acredito ter eleito as pessoas adequadas. Havia muitas solicitações, mas quem decide sou eu", disse Durão Barroso, em entrevista coletiva.

Com muitos mais homens que mulheres (18 contra nove) e mais conservadores e liberais que socialistas (21 contra seis) a equipe da nova comissão terá que superar, no dia 26 de janeiro, o voto de confirmação do Parlamento Europeu.

Antes disso, cada comissário designado deverá passar por um exame oral no Parlamento, para o qual têm menos de um mês para se preparar.

Segundo os tratados, a Comissão é uma instituição supranacional que não representa os Governos, mas o interesse geral da União. Porém, na prática, o peso dos Estados mais poderosos e da tendência ideológica dominante nos Governos é sentido em sua composição.

O espanhol Joaquín Almunia teve sua experiência em assuntos econômicos e monetários contemplada com a pasta de Concorrência, que influencia decisivamente na economia e na política industrial, além de uma das Vice-Presidências.

Já para a França, o ex-comissário e ex-ministro Michel Barnier ficará encarregado pela pasta de Mercado Interno e Serviços, incluindo a parcela dos serviços financeiros, em plena mutação regulamentar após a crise das hipotecas importada dos Estados Unidos.

A França já foi contemplada na semana passada com a Secretaria-Geral do Conselho de Ministros da UE, outro posto fundamental na organização interna do bloco.

O alemão Günther Oettinger será o dirigente da pasta de Energia, fundamental para a reforma da economia europeia e muito cobiçada por Berlim, por suas estreitas relações energéticas com a Rússia.

O finlandês Olli Rehn teve sua experiência premiada com a pasta de Assuntos Econômico e Monetários, em substituição de Almunia, e se transforma, assim, na exceção de um país "pequeno" à frente de uma parcela horizontal importante.

A promoção de Almunia é "um reconhecimento ao trabalho excepcional" que realizou nos últimos anos à frente da pasta de Assuntos Econômicos, assegurou publicamente o presidente Durão Barroso, ao anunciar a composição da nova Comissão.

Almunia foi "um dos melhores comissários destes cinco anos", acrescentou.

Segundo Durão Barroso, o político espanhol demonstrou ser um homem "muito competente" no cargo desde que foi nomeado, em substituição do então ministro espanhol Pedro Solbes, em 2004, e afirmou que um de seus critérios ao designá-lo foi "a experiência".

O presidente da Comissão ressaltou que o ministério de Concorrência "é um dos de mais responsabilidade" no Executivo comunitário.

A lista de dirigentes da Comissão, anunciada hoje por Barroso, terá que ser ratificada pelo plenário do Parlamento Europeu, que deve realizar suas audiências de confirmação em janeiro.

Barroso se mostrou "convencido de que este Parlamento vai aceitar esta Comissão", e que o episódio de cinco anos atrás não se repetirá, quando a Eurocâmara ameaçou censurar em bloco ao Executivo se o candidato italiano Rocco Butiglione não fosse retirado.

O Reino Unido não entrou nas decisões de hoje, já que a britânica Catherine Ashton foi nomeada diretamente na semana passada pelos líderes europeus para o novo cargo de vice-presidente e responsável de Política Externa e de Segurança da UE.

Com a britânica escolhida para ficar à frente de todo o setor exterior, Londres fica fora de qualquer pasta de economia.

O único país "grande" que não parece melhorar na repartição é a Itália, que mantém Tajani como vice-presidente, mas que passa da pasta de Transportes para a de Indústria.

O belga Karel De Gucht receberá a de Comércio, a partir da qual supervisionará a negociação de acordos comerciais, entre outros, com a América Central, com os países andinos e com o Mercosul.

A nova Comissão terá no total sete Vice-Presidências, várias delas disseminadas entre alguns dos países menores ou com pastas menos vistosas, na busca de um equilíbrio geográfico.

Durão Barroso, com o objetivo de encontrar pastas com conteúdo significativo para os 26 comissários, decidiu dividir algumas das já existentes e criar cargos novos.

Assim, foram separadas as pastas de Justiça (Viviane Reding, Luxemburgo) e a de Interior (Cecilia Malström, Suécia); e a de Desenvolvimento (Andris Piebalgs, Letônia) da de Ajuda Humanitária (Rumiana Jeleva, Bulgária).

Barroso também criou uma pasta dedicada exclusivamente à luta contra a mudança climática, que ficará a cargo da favorita para o posto, a dinamarquesa Connie Hedegaard, com o objetivo de que seu trabalho inclua questões puramente ambientais e que realize um trabalho mais "horizontal" em vários setores.

No entanto, a pasta do Meio Ambiente foi mantida para o esloveno Janesz Potocnik, o que deve gerar possíveis conflitos de competências com Hedegaard. EFE

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