Bruxelas, 16 jan (EFE).- A Comissão Europeia reiterou nesta segunda-feira que a decisão da agência "Standard & Poor's" de diminuir a qualificação de nove países da eurozona é "muito estranha" pelo momento no qual foi anunciada e supõe uma "má interpretação" da resposta anticrise do bloco.
"A ideia expressada pela agência de qualificação, de que a estratégia europeia se baseia unicamente no pilar da austeridade fiscal, representa uma séria má interpretação", afirmou Olivier Bailly, porta-voz da comissão, em entrevista coletiva diária.
Ele afirmou que a Comissão Europeia defendeu constantemente uma estratégia dupla baseada na consolidação e nas reformas estruturais desenhadas para impulsionar o crescimento e o emprego.
"Consideramos que a UE em seu conjunto e os Estados-membros individualmente estão tomando as ações necessárias, já adotaram e continuarão adotando as medidas necessárias para apoiar a economia europeia e o setor bancário", disse Bailly.
Esta estratégia está sendo implementada e está proporcionando resultados, disse ele, já que vários Estados-membros estão introduzindo reformas de alcance que terão um "grande impacto" na competitividade, no crescimento e no emprego a médio prazo, ressaltou, embora tenha descartado um impulso fiscal. "Um impulso fiscal não está na agenda por enquanto", afirmou.
O porta-voz reiterou que a decisão da Standard & Poor's "é inconsistente na substância e muito estranha no que se refere ao momento do anúncio", já que aconteceu após vários desenvolvimentos positivos registrados por Estados-membros e após esforços importantes, como as reformas estruturais anunciadas nos últimos três meses na Itália, França e Espanha, afirmou.
Ele acrescentou que o anúncio aconteceu depois que os mercados reagiram positivamente ao leilão de bônus em dois dos países degradados, a Itália e a Espanha. "É um momento estranho se formos levar em conta todos os sinais positivos produzidos ultimamente", disse. Para ele, a agência não se baseia em elementos atualizados na sua análise.
"Consideramos que nós temos mais elementos e mais atualizados sobre a situação nos Estados-membros que os investidores ou agências de qualificação. Trabalhamos diariamente com os Estados-membros, estamos em contato com as autoridades nacionais, os diferentes departamentos e compartilhamos informações das quais as agências não dispõem", explicou.
"Temos mais informação que as agências de qualificação e consideramos que há elementos que faltam em sua análise", acrescentou, destacando que em 2011 o déficit da eurozona era de 4,1%, este ano será de 3,4% e em 2013 de 3%.
Neste momento não há margem para estímulos fiscais e por isso a estratégia para impulsionar o crescimento terá que se apoiar principalmente nas reformas estruturais, disse.
"A prioridade continua sendo a consolidação fiscal, é um elemento importante, mas em paralelo consideramos que as reformas estruturais são chave a médio e longo prazo. É verdade que em alguns Estados-membros o impacto será notado em dois, três anos ou mais e em outros será mais rápido, isso depende do tamanho das reformas e como serão implementadas", admitiu.
A cúpula do dia 30 de janeiro se baseará, inicialmente, na criação de emprego e no crescimento. EFE