Bruxelas, 9 fev (EFE).- O Parlamento Europeu pediu hoje uma maior
coordenação das políticas econômicas na União Europeia (UE), além de
medidas contra a especulação sobre o euro e contra os ataques a
países como a Grécia, que sofre uma crise de credibilidade nos
mercados pela deterioração de suas finanças públicas.
"A Europa tem que poder dar uma resposta quando há especulações
contra determinados países. Tem que haver medidas para evitar isto",
disse o socialista alemão Udo Bullmann, durante um debate
extraordinário realizado hoje em Estrasburgo (França).
Jean-Paul Gauzès, deputado do Partido Popular Europeu, concordou
com Bullmann e pediu aos Governos europeus para que "não se deixem
impressionar pelas tentativas de desestabilização do euro por parte
dos especuladores".
"Temos que nos dotar de instrumentos para poder agir diante das
reações dos mercados. O mercado põe uns contra outros e submete
nossa capacidade de sobrevivência a toda prova. Se queremos ganhar
margem de manobra, temos que ter nossa própria estratégia", insistiu
a socialista francesa Pervenche Berès.
Os deputados fizeram estas e outras muitas declarações no mesmo
sentido durante um debate marcado de última hora após as quedas nas
bolsas na semana passada em vários países da zona do euro, afetados
pela crise de credibilidade da Grécia.
Muitas destes pedidos vieram de parlamentares dos países
atingidos pelas turbulências.
A socialista grega Anni Podimata considerou que "é preciso
controlar o capital especulativo, porque muitas vezes trabalha
contra o interesse dos europeus".
O também grego Georgios Toussas, do grupo dos Verdes, foi além ao
considerar que "a culpa da crise é dos mercados e as consequências
vão ser transferidas para os trabalhadores".
Para fazer frente a esta situação, a maior parte dos que
discursaram defendeu aumentar a coordenação econômica entre os 27
países da UE, em linha com o defendido horas antes pelo presidente
da Comissão Europeia (órgão executivo da UE), José Manuel Durão
Barroso, durante o discurso no qual traçou suas prioridades para os
próximos cinco anos.
"A solução é clara: precisamos de mais união econômica e
monetária, e também de mais competitividade e solidariedade",
assegurou Diogo Feio, do Partido Popular Europeu.
O socialista espanhol Antolín Sánchez Presedo concordou com a
análise da maioria e assegurou que "é hora de reformas de integração
para elevar o potencial de crescimento".
O comissário de Assuntos Econômicos e Monetários da UE, Joaquín
Almunia, presente no debate parlamentar, se alinhou com os
parlamentares "na necessidade de coordenar a cooperação na união
monetária e na UE em seu conjunto".
Neste sentido, considerou que a reunião informal de chefes de
Estado e de Governo que será realizada na próxima quinta-feira em
Bruxelas "é muito importante".
"(A reunião) ocorre em um momento com tensões nos mercados que
não conhecíamos desde a criação da união monetária e com uma crise
que também não conhecíamos e da qual temos que sair para que a
década de 2010 seja de crescimento", analisou o comissário.
Almunia desejou que a cúpula termine com um "compromisso de mais
coordenação e de reforço da zona econômica e monetária".
"Dentro e fora de nossas fronteiras, a eurozona tem que falar às
claras, ser contundente, crível, porque isso reforça a confiança de
nossos cidadãos e do mundo em nossa moeda e nosso projeto, que não é
só econômico", afirmou.
Almunia também disse esperar que os líderes reunidos em Bruxelas
mandem um claro recado de cumprimento de seus compromissos de
ajustes orçamentários e confiou em que demonstrarão apoio à Grécia.
"O apoio tem que ser claro, em troca de responsabilidades",
assegurou. EFE