Por Hugh Bronstein e Jorge Otaola
BUENOS AIRES (Reuters) - O peso argentino se fortaleceu pela terceira sessão seguida nesta sexta-feira, impulsionado pelo otimismo de que o governo assinará um acordo revisado de financiamento com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que inclua medidas fiscais mais rigorosas e desembolsos de caixa mais rápidos.
Mas com a economia afundando, a inflação subindo e o presidente enfrentando oposição sobre os cortes no orçamento antes de sua campanha de reeleição, analistas dizem que o peso deve permanecer instável nos próximos meses.
A moeda argentina se valorizou 2,6 por cento para fechar a 37,28 pesos por dólar nesta sexta-feira, beneficiada pelo fluxo de ingresso de dólares, conforme os investidores compravam notas do Tesouro oferecidas nesta semana a taxas de juros de cerca de 50 por cento. O peso ganhou 6,95 por cento desde segunda-feira, depois de recuar cerca de metade de seu valor neste ano até agora.
Embora dê um impulso imediato à moeda, pagar 50 por cento de taxas de juros representa uma despesa adicional para um governo que já enfrenta dificuldades para cortar seu déficit fiscal.
"O peso definitivamente não tocou sua mínima", disse Martin Guzman, economista na Columbia University Business School.
"A inflação levará a uma maior depreciação da taxa de câmbio nominal. O orçamento que o governo apresentou assume que em 2019 a taxa nominal de câmbio se estabilizará no valor atual, mas isso não é realista", acrescentou.
A venda generalizada de pesos começou em maio, causada pelas dúvidas sobre a habilidade do banco central argentino de rolar o seu estoque crescente de notas "Lebac" de curto prazo. Desde então, a economia entrou em recessão, com inflação de mais de 34 por cento.
(Reportagem adicional de Gabriel Burin)