Londres, 2 mar (EFE).- As petrolíferas ocidentais tentam obter dos rebeldes líbios garantias sobre a futura segurança de suas operações nesse país agitado pelo ambiente de guerra civil.
A decisão de negociar com os líderes da oposição ao regime do coronel Muammar Kadafi indica que as petrolíferas reconheceram que não têm outra alternativa a não ser respeitar a realidade no território, comenta o jornal "Financial Times". A oposição controla de fato boa parte da indústria petrolífera líbia no leste do país.
Diretores do setor disseram à publicação britânica que estão falando com líderes tribais e outros dirigentes da oposição para obter essas garantias.
O controle do setor é fundamental na atual batalha entre o coronel Kadafi e a oposição armada.
Antes de explodir a crise, o país norte-africano produzia cerca de 1,6 milhão de barris de petróleo ao dia.
No entanto, a produção, que movimentava US$ 5,5 bilhões ao mês, se reduziu à metade.
A oposição assumiu o controle da maior jazida do país, Sarir, no leste, e de vários terminais de exportação, entre eles os de Tubruq, Benghazi e Zuetina.
A área controlada pela Arabian Gulf Oil Co, que nesta semana rompeu os vínculos com sua matriz, a estatal National Oil Company of Lybia, extrai 420 mil barris ao dia, mas a produção caiu cerca de 100 mil, após o fechamento de várias jazidas.
A região oriental da Líbia controlada agora pela oposição inclui vários jazidas operadas pelas companhias estrangeiras, como a alemã Wintershall, e Shateira, explorada pela multinacional austríaca OMV. Ambos suspenderam a produção.
Como informa a publicação, Kadafi domina amplas áreas da indústria petrolífera, incluindo as jazidas e os terminais no centro e do ocidente do país.
Para os analistas ocidentais, a National Oil Company controla ao menos duas de suas filiais, Sirte Oil, da qual é proprietária de 100%, e Waha Oil, uma "joint venture" (empresa mista) com as americanos ConocoPhillips, Marahton e Hess, que evacuaram seus funcionários.
As jazidas na remota região do sudoeste da Líbia, operadas em sua maioria pela italiana Eni e a espanhola Repsol YPF, seguem sob as tropas leais ao coronel Kadafi.
No entanto, executivos da indústria indicam que essas jazidas estão produzindo pouco e assinalam que o terminal de exportação do petróleo, o de Zawiya, cerca de 40 quilômetros ao oeste de Trípoli, está nas mãos rebeldes.
Dos seis principais terminais dedicados à exportação de petróleo, as forças fiéis a Kadafi parecem controlar Ras Lanuf, o segundo em volume, pela qual exportaram 195 mil barris ao dia em janeiro. EFE