Plano de referendo na Grécia abre crise política e derruba bolsas

Publicado 01.11.2011, 17:35
Atualizado 01.11.2011, 18:07

Adriana Flores Bórquez.

Atenas, 1 nov (EFE).- A decisão do Governo de Atenas de submeter a referendo o segundo plano de resgate à Grécia provocou novas turbulências dentro e fora do país, refletidas na forte queda das bolsas de valores internacionais e na exigência de eleições antecipadas por parte de um número crescente de parlamentares gregos.

O temor de que os eleitores gregos recusem o plano de resgate financeiro a Atenas, aprovado pela zona do euro e condicionado a medidas impopulares de austeridade econômica, tomou conta dos mercados europeus nesta terça-feira, causando perdas generalizadas nas bolsas.

A Bolsa de Atenas fechou com retrocesso de 6,92% e os principais bancos caíram mais de 10%, enquanto a taxa de risco grega - o diferencial da dívida a dez anos em relação ao bônus da Alemanha - disparou até 2.260 pontos, diante dos 2.025 pontos de segunda-feira.

A proposta do primeiro-ministro Giorgos Papandreou de submeter o resgate a referendo caiu como um balde de água fria e anulou o otimismo gerado pelo acordo obtido na semana passada para o resgate financeiro à Grécia.

"Em um assunto que determina o futuro do país, o cidadão tem a primeira palavra", declarou Papandreou nesta segunda-feira à noite de forma inesperada, depois do fechamento dos mercados, diante dos 153 parlamentares do partido governista Movimento Socialista Pan-Helênico (Pasok).

Duas deputadas socialistas rejeitaram essa proposta nesta terça-feira, e uma delas se declarou independente. Por isso, a maioria absoluta do Pasok ficou reduzida a 152 cadeiras, de um total de 300 que compõem o Parlamento grego. Além disso, crescem os rumores de que haja mais deserções políticas.

Diante desse panorama, a oposição intensificou sua exigência de se convocar eleições antecipadas, provocando ainda mais atritos com os pedidos de apoio do Governo aos planos de austeridade e ao pacote de resgate que Papandreou tinha formulado.

Antonis Samaras, líder do partido conservador Nova Democracia - maior partido da oposição -, afirmou nesta terça-feira que a realização de eleições é "uma necessidade nacional".

"Nesses momentos decisivos, tenho a responsabilidade histórica de fazer todo o necessário para que a perspectiva europeia e o futuro da Grécia não sejam colocados em perigo", manifestou o dirigente conservador.

A agência de classificação de risco Fitch alertou que um resultado negativo no referendo proposto por Papandreou aumentaria o risco de uma quebra forçada e desordenada e de uma saída da Grécia do euro. "(Os dois cenários) teriam implicações financeiras severas para a estabilidade financeira e a viabilidade da zona do euro", advertiu a Fitch.

Enquanto o Conselho de Ministros do Governo grego se reunia na tarde de terça-feira, convocado de forma urgente pelo premiê, os membros da zona do euro se mostraram irritados e preocupados com a decisão do líder grego.

Tanto o presidente da França, Nicolas Sarkozy, quanto a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmaram que a aplicação do acordo obtido "é mais necessária do que nunca".

Em comunicado divulgado pelo Palácio do Eliseu, Sarkozy e Merkel defenderam o plano para um novo resgate à Grécia. Esse plano inclui fornecer à Grécia uma ajuda financeira de 130 bilhões de euros e o perdão de 50% da dívida grega (100 bilhões de euros).

Papandreou viajará nesta quarta-feira a Cannes (França) para informar a seus parceiros europeus sobre sua proposta de referendo. No Parlamento de Atenas, começa também nesta quarta o debate sobre a moção de confiança que o próprio primeiro-ministro pediu sobre seu Governo, para ser votada na sexta-feira. EFE

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