Premiê da França garante a Dilma agenda de luta pelo euro

Publicado 15.12.2011, 19:58

Brasília, 15 dez (EFE).- O primeiro-ministro da França, François Fillon, garantiu nesta quinta-feira à presidente Dilma Rousseff que o país nunca vai desistir do euro, e classificou a moeda única como "símbolo da construção e da civilização europeia".

Fillon foi recebido por Dilma em Brasília e, em uma declaração conjunta, transmitiu à presidente uma mensagem de esperança sobre a economia europeia, apesar da "crise da dívida soberana que alguns países da zona do euro atravessam".

Apesar das preocupações que inquietam os mercados e os países emergentes sobre o possível impacto da crise global, Fillon disse também que "a França está plenamente determinada a controlar as finanças públicas e a colaborar para relançar o crescimento europeu".

Dilma, por sua vez, reafirmou a disposição do Brasil para realizar, se necessário, novas contribuições financeiras ao Fundo Monetário Internacional (FMI), desde que, em contrapartida, haja garantias de reforma do organismo, dando mais poderes aos países emergentes.

A presidente brasileira enfatizou a importância da "sociedade estratégica" articulada entre Brasil e França em setembro de 2009, num momento em que "o mundo passa por uma de suas maiores crises".

Ela ressaltou em particular que o comércio bilateral manteve um "razoável crescimento" nos últimos anos, chegando aos US$ 8,4 bilhões em 2010, e mencionou o fato de a França ser atualmente o quinto maior investidor estrangeiro no Brasil, onde há cerca de 500 empresas francesas.

Dilma acrescentou que "a área de defesa é um dos pilares da sociedade estratégica" com a França, país com o qual o Brasil deseja cooperar para "construir uma verdadeira indústria nacional de defesa".

Em seus discursos, nem Dilma nem Fillon fizeram menções diretas à licitação convocada pela Força Aérea Brasileira (FAB) para a compra de 36 caças, mas o premiê francês tocou no assunto ao dizer que a França conhece "as necessidades de um reforço da capacidade aérea" do Brasil e suas prioridades em matéria de segurança fronteiriça.

"Sabem que podem contar com propostas francesas em todas essas áreas", afirmou Fillon, que também garantiu a transferência de tecnologia no setor, uma exigência das autoridades brasileiras para o contrato com os caças.

Embora os dois líderes tenham mencionado as negociações sobre os Rafale de forma indireta, fontes oficiais brasileiras disseram à Agência Efe que esse foi um dos pontos tratados durante uma reunião privada.

Segundo as fontes, Fillon defendeu os Rafale, da empresa francesa Dassault, que participam da licitação. Os rivais dos aviões franceses são os americanos Super Hornet F/A-18 (Boeing) e os suecos Gripen NG (Saab).

Dilma, no entanto, reiterou que a operação se mantém suspensa devido aos cortes de gastos orçamentários que seu governo adotou em virtude da crise econômica mundial, mas não descartou que a decisão possa ser tomada em 2012.

Até o ano passado, os Rafale pareciam ser os favoritos, sobretudo depois de o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciar, em setembro de 2009, uma "sociedade estratégica" com a França no domínio aeronáutico.

A França ainda não conseguiu vender os Rafale a outro país e o modelo poderia até mesmo deixar de ser fabricado se não houver contratos, admitiu recentemente o ministro da Defesa francês, Gérard Longuet.

Nesta quinta-feira, Dilma e Fillon assinaram cinco acordos bilaterais nas áreas de comércio e investimentos, previdência social e educação, tema em que a França se comprometeu a receber 10 mil estudantes brasileiros em suas universidades.

Fillon iniciou nesta quinta-feira uma visita oficial ao Brasil, que começou em São Paulo, onde se reuniu com o governador Geraldo Alckmin e proferiu uma palestra sobre a situação econômica mundial na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Nesta sexta-feira, ele estará no Rio de Janeiro, onde depositará flores no monumento de memória às 228 pessoas que morreram em 2009 no acidente do avião da Air France que ia da capital fluminense a Paris. EFE

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