Londres, 5 out (EFE).- O primeiro-ministro do Reino Unido, David
Cameron, manifestou hoje que o fato de o Reino Unido não pertencer a
zona do euro permitiu a economia manter-se fora da "zona de perigo"
que afetou vários países europeus.
Em declarações à "BBC", Cameron comparou o caso britânico com o
da vizinha Irlanda, que viu suas classificações de solvência
rebaixadas e suas taxas de juros em alta, algo que relacionou com o
fato de pertencer à "eurozona".
"O problema da Irlanda é que é membro do euro. No Reino Unido
temos uma situação na qual, além de reduzir o déficit e de nos
livrarmos de nossas dívidas e nossos problemas, pudemos ter uma
política monetária independente", afirmou.
"Isto nos permitiu ter taxas de juros baixas (no mínimo histórico
de 0,5%) e injetar dinheiro na economia para revitalizá-la",
complementa.
A isso é preciso somar que "nossa divisa se depreciou com relação
a outras e nossos exportadores encontraram outros mercados para
trabalhar", explicou Cameron.
O fato demonstra que as tradicionais políticas do Partido
Conservador em favor de manter a libra esterlina como moeda foram
corretas.
"Eu sempre quis ficar fora do euro (zona) porque defendo uma
política econômica britânica para o Reino Unido. E isso é o que
podemos ter agora", disse Cameron, quem, no entanto, advertiu que
seu país não está a salvo das turbulências econômicas.
O primeiro-ministro do Reino Unido, cujo Governo está disposto a
realizar um profundo corte das prestações sociais para combater o
déficit público (em torno dos 200 bilhões de euros para este ano),
lançou uma mensagem de otimismo.
"Acho que o povo não deveria falar só em termos negativos de
nossa economia. O fato é que o Escritório de Responsabilidade
Orçamentária (organismo independente que supervisiona as contas do
Estado) previu crescimento para este ano (1,2%) e para o próximo
(2,6%)", lembrou o líder conservador.
Cameron argumentou que os cortes orçamentários de junho "tiraram
o Reino Unido da zona de perigo".
"Já não estamos vinculados com países como Grécia, Espanha,
Portugal e Irlanda, que viram suas classificações creditícias
rebaixadas e uma alta das taxas de juros", indicou. EFE