Paco G. Paz.
Washington, 4 dez (EFE).- O portal WikiLeaks, que é financiado por contribuições particulares, sofreu neste sábado um duro golpe depois que o popular site de pagamentos pela internet, o PayPal, cancelou a conta que tinha aberta para receber doações.
O anúncio acontece, além disso, em um momento em que a página criada pelo australiano Julian Assange luta para se manter online, perante a recusa de alguns provedores de prestar-lhe serviço depois que começou a publicar telegramas diplomáticos embaraçosos dos Estados Unidos.
Esta mesma semana, duas empresas americanas de serviços pela Internet, Amazon e Every DNS, anunciaram o cancelamento de seu contrato com o WikiLeaks, o que lhe deixou sem um local de alojamento e a perda do domínio wikileaks.org.
Estas medidas obrigaram o portal a iniciar uma complicada peregrinação por vários provedores europeus que o alojou sob várias denominações.
O último revés para a empresa foi por meio do PayPal, muito popular em vários países, que cancelou a conta alegando que os fundos arrecadados estavam servindo para uma "atividade ilegal".
Um dos requisitos que o PayPal exige é que o serviço de pagamentos "não seja utilizado para atividades que encorajem, promovam, facilitem ou instruam outros a realizar atividades ilegais".
Enquanto isso, o WikiLeaks continuou neste sábado com a publicação de novos telegramas, alguns dos quais foram emitidos da embaixada dos EUA na China em relação ao ataque informático que o Google sofreu no final do ano passado, e que elevou as tensões entre Washington e Pequim.
A principal revelação destes contatos diplomáticos, é que os EUA culparam altos funcionários do Partido Comunista Chinês pelo ataque sofrido pelo Google no final do ano passado, e que o forçou a deixar de operar temporariamente seu mecanismo de busca no país.
Os telegramas revelam a tensão crescente e a censura sofrida pelo gigante da informática por sua reticência em aplicar a censura em seu buscador.
Em um dos telegramas, datado de 12 de julho do ano passado, um funcionário americano explica como o Governo chinês decidiu bloquear o buscador durante 24 horas como medida de pressão, ao constatar que ele não estava filtrando os resultados das buscas como pedido.
A principal reivindicação dos altos funcionários chineses era que o endereço Google.cn, ao qual acedem os usuários chineses, não tivesse nenhum link com o google.com, na qual os conteúdos não são filtrados.
O telegrama explica o mal-estar especialmente por causa do acesso que os usuários podiam ter a material pornográfico nas buscas não censuradas.
Mas a pressão se acentuou, segundo indica outro dos telegramas, quando um alto funcionário do Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista Chinês descobriu que se podiam fazer buscas em chinês sem censuras na web mundial.
Como prova, este membro não identificado nos telegramas, pôs seu nome e usou o motor de busca. Os resultados, segundo relata o funcionário americano, foram "críticos".
Este simples fato fez com que se começasse a gerenciar um ataque político contra o Google, que lhe forçasse a "abandonar um mercado potencial de 400 milhões de usuários", segundo relata um telegrama de janeiro.
Os telegramas revelam que o alto funcionário que se mostrou descontente após pôr seu nome no buscador, obteve a ajuda de um segundo membro do Politburo para forçar o Google a eliminar de sua página chinesa o link que redirecionava as buscas à versão internacional.
Um dos telegramas revela, além disso, a tentativa, supervisionado pelos dois membros do Politburo, de ter acesso mediante um ataque informático às contas do Gmail de dissidentes chineses.
Este ciberataque, que foi denunciado publicamente pelo Google em 12 de janeiro, foi descrito pela embaixada americana como "de natureza cem por cento política", e não relacionado com nenhuma tentativa de eliminar o Google como concorrente para os buscadores chineses.
O ataque agravou as tensões entre China e EUA, e provocou que o Google anunciasse sua saída do país, após três anos de operações, e realocasse seu buscador em Hong Kong, onde era capaz de fazê-lo funcionar em chinês e em inglês sem censura. FÉ