Cidade do Vaticano, 9 nov (EFE).- O decano do Colégio dos
Cardeais, Angelo Sodano, assegurou hoje que o papa João Paulo II e
os cristãos europeus foram fundamentais na queda do Muro de Berlim.
Em declarações à "Rádio Vaticano", o cardeal Sodano, que foi
secretário de Estado (cargo equivalente ao de primeiro-ministro) do
Vaticano entre 1991 e 2006, disse que sem a presença de João Paulo
II "tudo o que ocorreu desde então na Europa Oriental não teria sido
possível".
Sodano disse que a queda do Muro de Berlim significou o
desaparecimento do sistema comunista na Europa centro-oriental "que
foi imposto à força a essas populações".
Neste sentido, o cardeal, de 74 anos, disse que a queda do Muro
"foi o triunfo da liberdade dos povos" e que isso foi manifestado
por João Paulo II quando visitou Berlim 1996. O falecido papa disse
que o Portão de Brandemburgo "se transformou na porta da liberdade".
O cardeal acrescentou que acompanhou João Paulo II nessa viagem e
que se lembra da emoção do então chanceler alemão, Helmut Kohl, e da
ovação da multidão ao pontífice.
"Hoje podemos dizer, citando uma pessoa nada suspeita como
Mikhail Gorbachov, que tudo o que ocorreu na Europa oriental nestes
anos não teria sido possível sem a presença de João Paulo II; sem o
papel, também político, que soube ter no cenário mundial", afirmou
Sodano.
Graças a João Paulo II e à participação de tantos cristãos
europeus, há 20 anos houve o início da construção de uma nova
Europa, acrescentou.
Sodano ressaltou os valores cristãos do velho continente e
lamentou que a União Europeia (UE) "tenha preferido ignorar esse
patrimônio cristão no Tratado de Lisboa".
"Isso não deve desanimar os cristãos europeus, mas deve
estimulá-los a levar o Evangelho na nova realidade europeia que vai
se configurando", disse Sodano. EFE