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Londres, 12 set (EFE).- Os oito Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio, ou oito jeitos de mudar o mundo, estabelecidos pela ONU,
sofrem de "fragmentação e falta de sinergia", particularmente os
relacionados à saúde e à luta contra a Aids e outras doenças,
segundo uma análise publicada hoje pela revista médica "The Lancet".
O estudo foi divulgado faltando pouco mais de uma semana para a
cúpula da Organização das Nações Unidas (20 a 22 de setembro), que
será realizada em Nova York, sobre os Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio (ODM).
A revista e o centro de desenvolvimento internacional de Londres
(LIDC, na sigla em inglês) - uma associação de seis faculdades -
analisam no relatório, "The Commission", os acertos e erros
cometidos até o momento no caminho para a execução dos objetivos
antes de 2015.
Faltam cinco anos para que vença o prazo fixado, em 2000, pela
ONU para conseguir as oito metas estipuladas entre as quais estão
erradicar ou reduzir a pobreza extrema, a fome e a mortalidade
infantil.
Jeff Waage, diretor do LIDC e responsável pelo relatório, diz que
os ODM alcançaram uma contribuição significativa ao desenvolvimento,
mas poderiam ter conseguido mais "se estivessem mais integrados".
"Do ponto de vista, concluímos que os objetivos deveriam ser
construídos sobre uma visão compartilhada do desenvolvimento e não
sobre um bloco de objetivos de desenvolvimento independentes",
acrescentou Waage.
Desta maneira, em alusão à primeira meta (ODM 1), erradicar a
pobreza extrema e a fome, os autores dizem que a ONU não detalha o
tipo de ação ou política que seria preciso implementar para gerar os
resultados desejados.
Quanto ao segundo objetivo, conseguir uma educação básica de
qualidade para todos, é possível observar um aumento no número de
matrículas de menores em colégios nos países desenvolvidos, que
passou de 83%, em 2000, para 88%, em 2007.
No entanto, os autores especificam que esse número "pode estar
errado já que muitas crianças abandonam a escola em pouco tempo".
Se a ONU também se propõe a conseguir a igualdade de gêneros e a
autonomia da mulher, o relatório lamenta a falta de liderança
existente, particularmente, em relação aos direitos das mulheres.
Em relação ao quarto ODM, reduzir a mortalidade infantil, as
estatísticas de países desenvolvidos mostram que, em nível global, a
taxa de mortalidade para cada 100 mil crianças menores de cinco anos
caiu de 103, em 1990, para 65, em 2008.
O relatório da "The Lancet" diz que esse progresso é "muito mais
lento do que o mundo necessita" para conseguir alcançar o objetivo
até 2015.
A melhoria da saúde materna, o quinto ODM, é o "menos
bem-sucedido até o momento".
Quanto a luta contra o HIV/aids, a malária e outras doenças,
apesar da incidência da aids ter alcançado seu "pico" antes de 2000,
o número de mortes diminuiu.
Os analistas assinalam que, embora "a contribuição na redução da
mortalidade e do número de pessoas doentes seja impressionante, não
é possível determinar a contribuição do ODM 6 neste progresso
mediante ao aumento de fundos e esforços".
A revista dá esperança sobre a meta de garantia de
sustentabilidade ambiental, já que se "as tendências atuais
continuarem até 2015, 86% da população em regiões desenvolvidas terá
conseguido acesso a melhores recursos de água potável".
Por outro lado, o relatório critica que o objetivo de reduzir a
taxa de perda da biodiversidade antes de 2010 não foi cumprido e
está se acelerando.
"The Commission" mostra, além disso, que durante esse mesmo
período as emissões de gases estufa continuaram aumentando.
Sobre o último Objetivo do Milênio, que pede uma associação
mundial para o desenvolvimento, os especialistas afirmam que "o
total de ajudas continua muito abaixo da meta da ONU de 0,7% da
renda nacional bruta". EFE