Rússia lutará contra corrupção e impulsionará comércio com a Suécia

Estocolmo, 18 nov (EFE).- O presidente russo, Dmitri Medvedev, se comprometeu hoje diante do primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfedlt, a seguir combatendo a corrupção em seu país e a impulsionar o comércio bilateral.

Medvedev e Reinfeldt repassaram os assuntos bilaterais entre seus países em um encontro prévio à cúpula entre a União Europeia (UE) e a Rússia, que começou hoje em Estocolmo.

Os dois líderes destacaram a vontade de cooperação, especialmente no âmbito econômico entre Rússia e Suécia, dois países cujas relações foram afetadas durante os últimos meses pelas duras críticas do Governo sueco à atuação de Moscou na guerra contra a Geórgia no ano passado.

"Os vizinhos não têm somente problemas comuns, mas também diferentes opiniões e, por isso, é bom que se reúnam para enfrentá-las", disse Medvedev, em uma breve entrevista coletiva após o encontro.

Nem o presidente russo nem o primeiro-ministro sueco quiseram analisar essas diferenças e se referiram somente às possibilidades de cooperação econômica e comercial entre seus países.

Ambos lembraram o aumento das trocas comerciais durante os últimos anos e culparam a crise econômica pela regressão do comércio neste ano, excluindo outros fatores.

"Não é nossa culpa, é o preço que temos que pagar por participar da economia global", afirmou Medvedev.

O processo de adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio (OMC), freado por sua intenção de criar uma união aduaneira com Belarus e Cazaquistão, é um dos assuntos que serão debatidos na cúpula de hoje.

Independentemente disso, Medvedev se mostrou a favor de reforçar o marco legal para que as empresas europeias possam investir com mais segurança na Rússia e se comprometeu a lutar contra a corrupção no país.

Por sua parte, Reinfeldt disse que as companhias suecas têm um grande interesse em um mercado em crescimento como o russo e que para entrar nele necessitam condições "estáveis", mas lembrou que a corrupção não é um problema exclusivo da Rússia.

Sobre a luta contra a mudança climática, um dos principais pontos da agenda da cúpula UE-Rússia, Reinfeldt e Medvedev ressaltaram que seus países estão "entre os poucos que diminuíram suas emissões de gases estufa desde 1990" e se comprometeram a seguir avançando, frente à conferência das Nações Unidas sobre o tema, que será realizada em Copenhague em dezembro.

Além disso, a cúpula UE-Rússia será rodeada por uma possível crise do gás durante o inverno (no hemisfério norte), devido ao conflito comercial entre Moscou e a Ucrânia.

No mês de janeiro, vários países europeus ficaram cerca de duas semanas sem combustível em pleno inverno, quando a Rússia decidiu cortar o fornecimento para a Ucrânia pelas dívidas que mantinha com o gigante energético Gazprom.

Nas últimas semanas, a Rússia voltou a advertir que não duvidará em fechar a torneira do gás se a Ucrânia, duramente atingida pela crise econômica, não pagar suas faturas e pediu à UE que ajude Kiev financeiramente, para garantir o fornecimento.

A UE está representada em Estocolmo pelo primeiro-ministro sueco; pelo presidente da Comissão Europeia (CE), José Manuel Durão Barroso; e pelo chefe da diplomacia do bloco, Javier Solana.

O presidente da Comissão Europeia assegurou ter recebido "com grande interesse a agenda de modernização" apresentada por Medvedev em seu recente discurso sobre o estado da nação e considerou que abre a porta para "uma nova cooperação entre UE e Rússia" em benefício das "economias e dos cidadãos". EFE