Lisboa, 28 fev (EFE).- O primeiro-ministro português, José Sócrates, afirmou nesta segunda-feira que é preciso tomar mais medidas econômicas, mas pediu uma "resposta europeia" à crise da dívida, que considera um problema do sistema e não de alguns países.
"É uma crise da dívida soberana europeia, uma crise do euro" e exige uma ação de escala europeia, ressaltou o governante socialista.
Sócrates pediu que a Europa afronte um problema que é "do sistema", embora haja países mais afetados que outros, e defendeu que se tomem medidas para uma maior integração econômica.
O primeiro-ministro, que participou de uma conferência econômica realizada nesta segunda-feira em Lisboa, defendeu que todos os Estados-membros da União Europeia (UE) "façam à parte o que lhes corresponde" e ressaltou que Portugal já cumpre com sua responsabilidade, que é sanear as contas públicas.
Nesse sentido, o dirigente socialista assegurou que "fará tudo o necessário" para equilibrar as finanças do Estado português e cumprir o objetivo de reduzir seu déficit à metade, até 4,6%, entre 2010 e 2011.
Embora ressaltasse que até agora não parece ser necessário, Sócrates expressou sua determinação a tomar as medidas para o cumprimento do orçamento estatal deste ano, o mais duro que lembram os portugueses pela drástica redução que contém da despesa e o investimento público.
Sócrates, que no ano passado foi obrigado a aplicar várias medidas de austeridade e aumentos de impostos, reconheceu que 2011 será "um ano muito difícil", embora assegurou que os dados de janeiro confirmam que o programa de saneamento orçamentário está sendo cumprido.
No entanto, insistiu que deve ter uma resposta europeia à crise da dívida soberana, que colocou Portugal sob uma forte pressão dos mercados e disparou os juros que penalizam seus bônus do tesouro acima de 7%.
Esta crise é a "segunda fase" da crise financeira internacional há dois anos, sustentou o líder socialista.
Antes dessa crise, lembrou Sócrates, as agências de qualificação financeira - que agora têm em mínimos históricos a solvência de Portugal - tinham dado sua máxima pontuação aos ativos tóxicos das hipotecas norte-americanas que desencadearam uma catástrofe financeira no mundo todo.
A crise não foi resultado de nenhum excesso de endividamento, mas da falta de regulação dos mercados financeiros, ressaltou o chefe do Governo português.
Agora, o problema da dívida soberana é "o maior desafio que tem o projeto europeu", assinalou.
Depois desta crise a "Europa não será a mesma", declarou o primeiro-ministro luso, que pediu "ambição" para aproveitar a oportunidade que tem a UE de avançar na cooperação econômica.
Em sua intervenção, Sócrates também assinalou que, apesar da crise, Portugal fez progressos na promoção da inovação e o desenvolvimento sustentável e pôs em prática muitas reformas estruturais em áreas como a educação ou a saúde. EFE