Bruxelas, 22 jan (EFE).- A União Europeia (UE) buscará nesta segunda-feira superar as reservas da Grécia para decretar um embargo às importações de petróleo procedente do Irã, com o objetivo de aumentar a pressão internacional sobre a República Islâmica, que deve receber novas sanções financeiras por manter seu polêmico programa nuclear.
Os ministros das Relações Exteriores dos 27 países-membros do bloco se reunirão em Bruxelas para buscar acertar os detalhes das medidas, pois as linhas gerais já foram pactuadas entre representantes dos Estados-membros.
Uma das principais pendências para o acordo definitivo, no entanto, é a reticência da Grécia, o membro da UE mais dependente do petróleo iraniano. Atenas deseja um compromisso firme de que o embargo não terá consequências negativas para a já deteriorada economia do país.
A Grécia compra petróleo do Irã em condições muito vantajosas, dado que a República Islâmica não lhe exige garantias financeiras. Atenas terá de buscar outros produtores da commodity que ofereçam condições similares.
O restante dos membros da UE e as instituições europeias estão tentando oferecer garantias ao governo grego e prometem trabalhar em uma solução, cientes de que as sanções ao petróleo iraniano poderiam representar "uma nova investida às finanças gregas", segundo fontes diplomáticas.
Essas fontes indicam que "há boa vontade" por parte de vários produtores de petróleo para oferecer condições vantajosas à Grécia, mas a questão não parece fácil, dadas as dúvidas sobre as finanças do país.
O que está claro é que a UE não poderá oferecer nada concreto ao governo grego, mas confia em lhe dar garantias de que se conseguirá uma solução.
Salvo a Grécia, os demais países já expressaram apoio ao embargo que, segundo a versão atual dos textos, proibiria imediatamente qualquer novo contrato petrolífero com o Irã e estabeleceria 1º de julho como prazo para o encerramento de todos os já existentes.
Em conjunto, as importações do petróleo iraniano representam 5,8% do total da commodity comprado pela UE, segundo dados de 2010. Conforme esse número, o Irã é considerado o quinto maior fornecedor do bloco, após Rússia, Noruega, Líbia e Arábia Saudita, país que tem o maior potencial de aumentar suas vendas à Europa.
A Espanha - que já deu sinal verde ao embargo e considera ter alternativas - foi o país da UE que mais comprou petróleo do Irã em 2010 - 7.671 toneladas, que representaram 14,6% do total das importações em questão.
Em paralelo, os 27 países-membros aprovarão nesta segunda-feira novas sanções econômicas contra Teerã, congelando boa parte dos ativos do banco central iraniano e, possivelmente, de alguma outra instituição financeira.
Segundo o princípio de acordo acertado na semana passada, não se prevê um bloqueio completo ao banco central iraniano, pois se inclui uma provisão para permitir que "o comércio legítimo" continue e para que a dívida pendente da República Islâmica possa ser paga aos países europeus, informaram fontes diplomáticas.
Enquanto segue pressionando com sanções, a UE está à espera de uma resposta concreta dos negociadores iranianos a sua oferta para retomar o diálogo sobre a questão nuclear.
No encontro desta segunda-feira, os chanceleres também devem impor novas sanções à Síria e a Belarus, ampliando a "lista negra" de pessoas e entidades desses países.
A reunião abordará ainda a situação do processo de paz do Oriente Médio e, a priori, será lançada uma dura mensagem de condenação à política de assentamentos de Israel. Alguns Estados-membros do bloco chegaram a pedir sanções a colonos judeus dos territórios ocupados, mas o Conselho da UE não pretende tomar tais medidas por enquanto.
Os ministros conversarão, além disso, sobre as mudanças políticas pró-democracia em Mianmar, que vêm levando a UE a retirar as sanções impostas contra o país. Por fim, Sudão e Kosovo fecham a lista de temas da pauta. EFE