Luxemburgo, 20 out (EFE).- Os ministros de Economia e Finanças da
UE analisam hoje quando e como voltar a finanças públicas
equilibradas, uma vez que a economia volte a crescer, com a
perspectiva de um ajuste severo dos déficit a partir de 2011.
Ontem à noite, os ministros dos dezesseis países do euro já se
puseram de acordo sobre a necessidade de que a redução dos grandes
déficits vá além de 0,5% do PIB anual exigido pelo Pacto de
Estabilidade e Crescimento.
O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, que
também participou da reunião do Eurogrupo, chegou a considerar
necessário um ritmo de redução estrutural superior a 1% e que os
ajustes comecem, em muitos casos, em 2010.
O presidente do Eurogrupo, o luxemburguês Jean-Claude Juncker,
resumiu a análise dos ministros europeus sobre a situação atual
dizendo que "há sinais de recuperação evidentes, mas os riscos
seguem repartidos entre elementos positivos e negativos".
Por esta razão, os Governos da Eurozona seguem considerando que
"não chegou o momento de pôr fim aos programas de reativação".
Se as indicações que a Comissão Europeia vai proporcionar no dia
3 de novembro confirmam que a recuperação chegou e que a situação
melhorou de uma forma duradoura, as medidas de acompanhamento
financiadas mediante os orçamentos nacionais "deverão ser retiradas
gradualmente", acrescentou Juncker.
O comissário europeu de Assuntos Econômicos e Monetários, Joaquín
Almunia, confirmou que a CE apresentará no dia 3 suas previsões
macroeconômicas de outono nas quais incluirá, pela primeira vez, uma
previsão de crescimento para 2011.
Se esses dados são positivos, o Eurogrupo e o Conselho Ecofin
confirmariam que nesse ano deverão retirar-se os apoios à economia e
ao setor financeiro.
O Ecofin deve aprovar hoje uma declaração na qual advertirá que a
consolidação orçamentária dos países com déficit excessivos -
atualmente vinte dos vinte e sete - terá que se realizar de forma
"ambiciosa".
"Deverá ir além de 0,5% do PIB, levada em conta a necessidade de
pôr fim à espiral de déficit e dívida", antecipou Juncker.
Trichet deixou claro que o Banco Central Europeu exigirá "o
cumprimento estrito" das regras do Pacto de Estabilidade e
Crescimento sobre disciplina orçamentária.
"É muito importante, em qualquer caso, começar em 2011 a
estratégia de saída", enfatizou Trichet e acrescentou que "será
necessário reduzir anualmente mais de 0,5% do PIB, ou inclusive mais
de 1%, o déficit estrutural em um grande número de casos".
Alemanha e França, cujos Governos exibiram divergências quanto à
rapidez da necessária consolidação, "deverão ser tratadas da mesma
maneira e com as mesmas regras e a este respeito o Pacto de
Estabilidade e Crescimento é a peça fundamental", advertiu o
presidente do BCE.
Que o ano de referência para o começo da redução do déficit seja
2011 não significa que alguns países não se vejam "obrigados" a
começar antes, avisou por sua parte o comissário Almunia.
Dia 11 de novembro a Comissão avaliará se os países sujeitos as
recomendações por déficits excessivos, entre eles Espanha, estão ou
não cumprindo já em seus orçamentos as sugestões de Bruxelas.
"Alguns vão receber recomendações para que consolidem suas
finanças públicas em 2010", anunciou o comissário. EFE