Bruxelas, 5 out (EFE).- Por considerar que persistirão as
dificuldades devido à crise, o comissário europeu de Concorrência, o
espanhol Joaquín Almunia, confirmou hoje que a Comissão Europeia
seguirá autorizando ajudas governamentais a entidades financeiras e
empresas ao longo de 2011.
Almunia, que detalhou seus planos diante da comissão de Assuntos
Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu, confirma assim a
informação antecipada hoje em entrevista ao diário "Financial
Times".
O comissário deixou claro que deve estender o marco provisório de
ajudas de Estado, iniciado em 2008 para permitir que os
Estados-membros subvencionassem seus bancos atingidos pela crise
financeira, adiantando, porém, que as condições serão mais
exigentes.
As ajudas poderão continuar também para as pequenas e médias
empresas, embora Almunia tenha explicado que serão realizados alguns
ajustes.
Entre outras medidas, a Comissão Europeia planeja eliminar as
ajudas de 500 mil euros sem concessões que os Estados-membros podem
dar às pequenas e médias empresas, pois considera que a combinação
deste apoio com outros tornou o volume financeiro "grande demais" em
algumas companhias.
Por enquanto, a Comissão seguirá autorizando outras fórmulas -
como empréstimos e garantias - por considerar que as pequenas e
médias empresas "ainda não têm um acesso normal ao crédito".
Apesar da continuação das ajudas ao longo do ano que vem, Almunia
assegurou que 2011 deve ser "um ano de inflexão", no qual a "ampla
utilização de recursos públicos" dos últimos dois anos não poderá
continuar, e no qual será necessário acelerar as reformas para
impulsionar o crescimento.
Em princípio, a Comissão Europeia restabelecerá a partir de 2012
as regras frequentes sobre ajudas de Estado, mas Almunia deixou
claro que a retirada do marco que autoriza os subsídios é uma
"decisão política" e dependerá também da evolução da situação.
Neste sentido, reconheceu que as estimativas da Comissão de poder
voltar à normalidade em curto prazo eram muito mais otimistas antes
do verão (no Hemisfério Norte), mas a evolução do cenário financeiro
e a situação de alguns bancos, como os irlandeses, levaram a um
"ânimo mais temperado".
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou hoje sobre a piora
da situação do sistema financeiro e o foco de instabilidade que
apresenta a Europa após as crises da dívida.
Por isso, o organismo recomendou que os Governos planejem
"cuidadosamente" a retirada de seus programas de apoio ao setor. EFE