Arena do Pavini - O governo de Nicolás Maduro anunciou no fim da semana um drástico pacote econômico tentando resgatar a combalida economia do país. As medidas, que teriam sido idealizadas pelo próprio Maduro, como afirmou o presidente durante o anúncio, incluem o corte de cinco zeros da moeda, o bolívar, que passará a se chamar “bolívar soberano” e sofrerá uma desvalorização de 96% em relação ao dólar. Ao mesmo tempo, o governo decretou um aumento de 5.900% no salário mínimo, de 3 milhões de bolívares para 180 milhões, e aumento de impostos. O Imposto sobre Valor Agregado (IVA) passará de 12% para 16%. Com a desvalorização, a moeda venezuelana passará de 248 mil bolívares por dólar para 6 milhões de bolívares, ou 60 bolívares soberanos, que terá seu valor atrelado ao Petro, criptomoeda criada pelo governo.
A nova moeda terá vários zeros cortados para ajustar-se à disparada da inflação na Venezuela que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), vai chegar a 1.000.000% este ano. Assim, 2 milhões de bolívares (2.000.000 divididos por 100.000) passarão a valer 20 bolívares soberanos.
O bolívar soberano terá seu valor atrelado à criptomoeda criada pelo governo, o Petro, e que é garantida pelas exportações de petróleo do país.
Um Petro valerá 3.600 bolívares soberanos e o salário mínimo será de 1.800 bolívares soberanos, ou seja, meio Petro. Além disso, na segunda-feira, o governo depositará 600 bolívares soberanos, ou um terço do salário mínimo, para cada um dos 10 milhões de beneficiários do “Carnê da Pátria”.
O pacote foi muito mal recebido por empresários, que não sabem como vão conseguir pagar os novos salários, e analistas, que temem que ele leve a uma hiperinflação aberta. O anúncio provocou uma corrida aos caixas eletrônicos de bancos e postos de gasolina, já que o governo promete também reduzir o subsídio aos combustíveis. O país já cadastrou 2,4 milhões de carros que terão direito a continuar com o subsídio, que deve acabar em setembro. Maduro diz que o governo ajudará as pequenas empresas a pagar o aumento de salários, mas não disse de onde virá o dinheiro nem como serão os pagamentos.
As medidas aumentaram as buscas de refúgio de venezuelanos em outros países, movimento que começa a provocar reações negativas e conflitos nos vizinhos. No Brasil, um campo de refugiados foi atacado por grupos que incendiaram as barracas, levando o governo de Michel Temer a deslocar tropas para tentar conter a violência contra os venezuelanos. No Equador, o governo passou a pedir passaporte para os refugiados que tentam entrar no país e o Peru ameaça com a mesma medida, segundo o The Wall Street Journal.
Por Arena do Pavini