Miguel F. Rovira.
Cingapura, 13 nov (EFE).- O presidente do Banco Mundial (BM), Robert Zoellick, advertiu hoje no fórum da Ásia-Pacífico que a saída da crise econômica esperada para o próximo ano está ameaçada pela inflação e às bolhas financeiras.
Zoellick, que participa do Fórum de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico (Apec) em Cingapura, afirmou as medidas adotadas por alguns "bancos centrais foi simplesmente abrir caminho à liquidez".
Na opinião do responsável pelo BM, no entanto, o aumento da liquidez poderá avivar a inflação, especialmente em bens de consumo e causará bolhas financeiras que podem desgastar a confiança em 2010 a confiança.
Em uma mesa redonda em que diversos especialistas opinaram sobre a situação da economia mundial, Zoellick ressaltou em seu discurso que "é provável que continuemos assistindo o desemprego em alta, em particular em alguns países desenvolvidos".
"Sugiro refletirmos sobre esse assunto porque estamos em uma etapa de recuperação na qual a confiança é muito importante", disse o responsável do Banco Mundial.
Advertiu sobre as medidas protecionistas que os Governos costumam recorrer para proteger seus mercados.
"Diante de altas taxas de desemprego é preciso ter cuidado porque aumenta a pressão para que os líderes políticos tomem uma atitude, e infelizmente uma das medidas recorrentes é levantar barreiras", disse.
Segundo Zoellick, não há muito que os Estados Unidos possam fazer com relação à desvalorização da sua moeda, a não ser restabelecer o crescimento em sua economia.
"A cotação do dólar depende em parte da confiança nos bônus em dólares, e isso por sua vez depende de como será avaliada a recuperação americana e o valor de seus ativos", disse.
O chefe da instituição multilateral afirmou que "dado o papel do dólar nos mercados mundiais, francamente, não há muito que (os Estados Unidos) possam fazer, a não ser colocar em prática políticas para restaurar o crescimento de sua economia".
A opinião de Zoellick não é compartilhada pelo secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, que na quinta-feira indicou que uma divisa forte é essencial para que seu país saia da crise.
Geithner aposta em uma política monetária com taxas de câmbio determinadas pelo mercado para acabar com a recessão, mas evitou criticar diretamente à China por manter artificialmente valorizado o iuane para proteger de suas exportações.
O crescente enfraquecimento do dólar é motivo de preocupação entre os países asiáticos, que temem uma intervenção de Pequim em sua moeda para garantir que os preços dos produtos chineses continuem competitivos nos mercados internacionais.
Na quarta-feira, o presidente do BM insistiu nos Estados Unidos sobre a contenção do elevado déficit e manter a credibilidade no dólar, cuja depreciação preocupa as demais economias da região Ásia-Pacífico.
O primeiro-ministro de Cingapura e anfitrião da conferência, Lee Hsien Loong, indicou que os líderes das economias da região estão de acordo que os programas governamentais de estímulo têm que ser retirados de forma gradual para evitar as borbulhas financeiras e imobiliárias.
A cúpula do Apec, realizado no próximo final de semana em Cingapura, reunirá os 21 chefes de Estado e de Governo da região, entre estes os presidentes da China, Hu Jintao, e dos Estados Unidos, Barack Obama.
O Apec é integrado pela Austrália, Brunei, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Peru, Rússia, Cingapura, Tailândia, Taiwan e Vietnã
As 21 economias representam 40% da população mundial, mais da metade do Produto Interno Bruto e 44% do comércio. EFE