BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que não tem a obrigação de apresentar provas de fraudes em eleições, dias após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter aberto um procedimento dado prazo de 15 dias de evidências de irregularidades em urnas eletrônicas nas eleições de 2018 e 2020.
"As coisas têm que ser aperfeiçoadas. A coisa do voto eletrônico começou numa situação boa e depois foi se aperfeiçoando para o mau. Devo apresentar nos próximos dias -- eu não tenho obrigação de apresentar provas para ninguém -- ... aí tem que apresentar provas? Apresento se eu quiser", disse ele em conversa com apoiadores.
Já faz mais de um ano da declaração de Bolsonaro de que teria provas da ocorrência de fraude na eleição presidencial que venceu dois anos atrás.
Ainda assim, aos apoiadores, o presidente insistiu nas suspeitas -- sem apresentar provas -- e disse que estaria em contato com hackers que vão demonstrar a suposta vulnerabilidade das urnas eletrônicas.
"Já fizemos contatos com pessoas que entendem do assunto, são hackers, lógico que a televisão não vai mostrar", afirmou.
Bolsonaro tem defendido a adoção da impressão do voto para as urnas eletrônicas a fim de acabar com o que considera fraudes no processo eleitoral. Entretanto, a proposta não tem tido amplo apoio no Congresso -- inclusive de partidos da sua base aliada.
Sem provas, o presidente tem acusado ministros do Supremo Tribunal Federal de atuarem para barrar o avanço da proposta que institui a impressão do voto em urna eletrônica. Ele tem insinuado também que haveria interesse em ajudar na tentativa de eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022 e afirmou que, se não houver transparência no pleito, haverá problemas.
"O próprio nove dedos (referência a Lula) disse que, se chegar ao governo, vai tomar arma do povo. Agora ele só chega na fraude. Eu não entendo o ministro (Luís Roberto) Barroso ser um ferrenho opositor ao voto auditável, nós queremos a transparência", disse Bolsonaro.
"Não sei se ele (Barroso) é refém de alguém para estar nesta campanha, interferindo dentro do Parlamento, reunindo com lideranças, falando os seus argumentos contra o voto auditável. Agora até eu falar: se não passar, ele vai ter que inventar uma forma de tornar transparente as eleições, senão vão ter problemas ano que vem", afirmou.
(Reportagem de Ricardo Brito)