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Gonet desponta como favorito para ser indicado por Lula para PGR, dizem fontes

Publicado 16.11.2023, 16:35
© Reuters. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista coletiva em Brasília
05/11/2023
REUTERS/Adriano Machado

Por Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O subprocurador-geral da República e vice-procurador-geral Eleitoral, Paulo Gonet, desponta como favorito para ser indicado como novo procurador-geral da República pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmaram à Reuters fontes com conhecimento das tratativas, embora tenham ressalvado que a decisão ainda não está tomada.

Lula decidiu acelerar a indicação e escolher possivelmente ainda nesta semana o nome do novo PGR, após a chefe interina do órgão, Elizeta Ramos, ter feito nomeações internas para o órgão que desagradaram o Palácio do Planalto, segundo reportagem publicada pela Reuters na terça-feira.

Três nomes estão sendo considerados. Além de Gonet, estão no páreo os também subprocuradores Antônio Carlos Bigonha e Aurélio Rios, mas nos últimos dias Gonet, que tem apoio dentro do Supremo Tribunal Federal (STF), ganhou força para ser o escolhido, de acordo com quatro fontes envolvidas nas discussões.

"Martelo não está batido, mas Gonet é o favorito no momento", disse uma fonte do Palácio do Planalto.

Como vice-procurador-geral Eleitoral, Gonet atuou no processo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro à inelegibilidade. Ele foi designado a esse cargo na gestão do ex-procurador-geral Augusto Aras, cujo mandato se encerrou em setembro.

Atuando de forma discretíssima, conforme as fontes, Gonet tem arregimentado o apoio nos bastidores de autoridades como os ministros do STF Gilmar Mendes, decano da Corte, e Alexandre de Moraes, atual presidente do TSE, além de parlamentares proeminentes como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e até mesmo do ministro da Justiça, Flávio Dino.

As tratativas de Lula e interlocutores sobre a sucessão na PGR vêm ocorrendo há pelo menos três meses e não tinham ganhado tração até esta semana, mesmo após a saída de Aras.

Lula, que se reuniu com os postulantes, não se encantou com nenhum dos três nomes, segundo a fonte palaciana. A eventual escolha de Gonet, entretanto, teria o condão de agradar importantes autoridades do Judiciário, como Gilmar Mendes. Gonet já foi sócio de Gilmar em Brasília em uma instituição de ensino e ambos já escreveram livros juntos.

Uma experiente fonte do MPF avaliou que a eventual escolha de Gonet -- mesmo fora da lista tríplice preparada pela associação dos procuradores -- poderia ajudar a melhorar o ambiente interno após a questionada gestão de Aras. A fonte disse que ele circula por diversas alas do MPF, gozando de respeito técnico e pessoal na instituição.

© Reuters. Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante entrevista coletiva em Brasília
05/11/2023
REUTERS/Adriano Machado

Um outro grupo, no entanto, afirma que o procurador eleitoral é excessivamente ligado a Gilmar Mendes e que nunca teve destaque na carreira. Além disso, ao longo do processo de escolha do próximo PGR, voltou à tona o fato de que Gonet tentou conquistar o posto no governo Bolsonaro, contando com defesa forte da deputada bolsonarista Bia Kicis (PL-DF).

Lula já deixou claro, desde a eleição, que não escolheria um nome da lista tríplice preparada pelos procuradores, rompendo uma tradição inaugurada por ele mesmo de escolher o primeiro nome. Escaldado pela atuação da PGR na Lava Jato, que o levou à prisão, o presidente quer um nome "mais confiável", mas quer analisar bem as credenciais do indicado.

A indicação dos procuradores-gerais tem sido uma das principais escolhas feitas pelos presidentes da República nas duas últimas décadas. Cabe ao chefe do Ministério Público Federal (MPF) promover investigações criminais contra o próprio presidente, deputados e senadores, além de questionar atos do governo perante o Supremo. As gestões federais petistas passadas foram alvo de várias investigações de escolhidos pelo próprio Lula e pela ex-presidente Dilma Rousseff.

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