(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que continua conversando com líderes de todo o mundo para estabelecer um corredor humanitário na Faixa de Gaza e repatriar os brasileiros que desejam sair do enclave em meio à escalada do conflito entre Israel e o grupo militante palestino Hamas.
Durante live em suas redes sociais, Lula enfatizou a necessidade de garantir que os civis em Gaza possam receber suprimentos importantes, como água e medicamentos, e que é fundamental impedir a morte de mais crianças.
"Eu estou conversando com todo mundo porque eu quero liberar os brasileiros que estão na Faixa de Gaza. Nós temos brasileiros que querem vir pra cá e estão sofrendo os tormentos dos tiros e das bombas", disse.
"Não tem exemplo na humanidade de guerra em que quem morre mais é criança que não está na guerra. Nós não queremos que morra ninguém", acrescentou.
Ele reiterou que um avião presidencial já está no Cairo, capital do Egito, para trazer os brasileiros de Gaza assim que ocorrer a abertura da fronteira egípcia com o enclave para a passagem dos civis que buscam fugir do conflito.
Em meio às conversas que tem tido com autoridades, Lula disse ainda que pretende discutir a situação em Gaza com o presidente da China, Xi Jinping, e lideranças do Catar, um dos países com relação mais próxima aos militantes do Hamas na região.
O presidente também afirmou que é preciso que Israel ocupe o território que foi demarcado a ele pela Organização das Nações Unidas (ONU) e que os palestinos tenham seu próprio Estado. Ele voltou a classificar os ataques do Hamas como um ato terrorista, mas destacou que isso não justifica a morte de civis em Gaza em ataques realizados por Israel.
"É preciso que a gente consiga que Israel fique com o território que é seu, que está demarcado pela ONU, e os palestinos tenham direito de ter a sua terra. E não precisa ninguém ficar invadindo a terra de ninguém", disse.
Lula disse acreditar que a ONU não está conseguindo interferir de forma mais efetiva no confronto por estar "enfraquecida". Ele reiterou que seu objetivo é tirar o conflito do campo de batalha e levar para a mesa de negociação a fim de evitar que mais civis sejam afetados.
"Em uma mesa de negociação não morre ninguém, custa mais barato e a gente pode encontrar a solução", disse.
O Ministério da Saúde palestino disse que mais de 5 mil pessoas foram mortas em Gaza em duas semanas de ataques aéreos israelenses desencadeados em resposta ao devastador ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro. O grupo militante matou mais de 1.400 pessoas -- a maioria civis -- em um único dia.
(Por Fernando Cardoso)