Lula recebe novos apoios e critica proposta de ampliação do STF

Publicado 10.10.2022, 20:10
Atualizado 10.10.2022, 20:15
© Reuters. Ex-presidente Lula em evento de campanha em São Paulo
10/10/2022
REUTERS/Carla Carniel

BRASÍLIA (Reuters) - Ao receber nesta segunda-feira o apoio de políticos, educadores e outros representantes da sociedade civil não tradicionalmente ligados ao PT, o ex-presidente e candidato ao Planalto Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a ideia do adversário Jair Bolsonaro (PL) de ampliar o Supremo Tribunal Federal (STF) para moldá-lo aos seus pensamentos.

Lula foi aplaudido ao afirmar que há uma tentativa de destruição das instituições que resguardam a democracia e ao lembrar que indicou seis ministros do STF durante seus dois mandatos presidenciais, mas que não usou esse poder em seu benefício.

"O cidadão que está prometendo aumentar o número de membros da Suprema Corte na perspectiva de fazer uma Suprema Corte favorável a ele. E eu tive a sorte de indicar seis ministros da Suprema Corte e não indiquei nenhum amigo. Os que eu indiquei foi por currículo e de gente indicada e nunca pedi um favor", afirmou Lula no encontro realizado em São Paulo.

"Eu tenho orgulho de ter indicado seis e nunca pedi um favor porque eles não foram indicados para me ajudar, foram indicados para cumprir o papel da Suprema Corte que está escrito na Constituição", acrescentou.

Nos últimos dias, a ideia de ampliar o número de ministros do STF começou a ser levantada por aliados de Bolsonaro e pelo próprio presidente, em uma tentativa de dar a ele o poder de indicar mais nomes e ter um Supremo alinhado com seus pensamentos em caso de reeleição, a exemplo do que foi feito por Hugo Chávez na Venezuela.

Bolsonaro afirmou no domingo que iria avaliar a "sugestão" de ampliar o número de ministros, caso seja reeleito. O tema foi levantado por vários de seus partidários, inclusive o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), eleito senador, e o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).

Se reeleito, o atual presidente já teria direito a indicar mais dois ministros do STF. Com uma ampliação dos atuais 11 nomes para 15, poderia formar uma maioria favorável a suas ideias, com a indicação de mais quatro, formando um total de oito com dois nomes já indicados por ele no primeiro mandato: André Mendonça e Nunes Marques.

Apoios

O encontro desta segunda-feira serviu para Lula reunir tradicionais adversários do PT que, hoje, se juntaram à campanha neste segundo turno contra Bolsonaro. Entre eles, o senador José Aníbal (PSDB-SP), o ex-presidente do PSDB Pimenta da Veiga e o ex-senador Aloysio Nunes, que já havia declarado apoio ainda no primeiro turno.

Ao receber o grupo, Lula pediu que esse movimento não se restringisse apenas à eleição, mas à organização de seu governo, caso seja eleito.

"A gente pode mostrar para a sociedade que tem muito mais gente que o PT, o PSOL, que os outros partidos que estão conosco", disse Lula. "Eu vou precisar de vocês, eu vou bater na porta de cada um de vocês. Não é uma tarefa minha consertar esse país, é uma tarefa nossa."

O ex-presidente já havia recebido em sua campanha outros nomes históricos do PSDB, como os senadores José Serra e Tasso Jereissati e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, além do ex-presidente do partido Teotônio Vilela Filho.

Para além dos políticos, se uniram ao grupo os economistas André Lara Rezende, Claudia Costin e Eduardo Gianetti, a socióloga Neca Setúbal, a educadora Priscila Cruz e o cientista político Hussein Kalout, entre outros.

© Reuters. Ex-presidente Lula em evento de campanha em São Paulo
10/10/2022
REUTERS/Carla Carniel

"A tranquilidade que eu quero passar para vocês é que eu não posso errar, eu não tenho tempo de errar", disse Lula ao responder às declarações de apoio e às contribuições ao programa de governo. "Eu sei a expectativa que está na cabeça de milhões de pessoas nesse país e eu não vou frustrar essas pessoas."

Depois do primeiro turno, Lula já havia garantido o apoio da senadora Simone Tebet (MDB), que ficou em terceiro lugar na primeira votação; do PDT, de Ciro Gomes, ainda que o quarto colocado na disputa tenha se limitado apenas a acatar o apoio do partido; e de outras personalidades políticas e econômicas, como o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.

 

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)

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