8 Set (Reuters) - O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) levou ao ar nesta quinta-feira propaganda eleitoral com a promessa de garantir o pagamento de 800 reais do Auxílio Brasil para quem começar a trabalhar, embora a peça não diga como serão viabilizados os recursos para a iniciativa.
"Os mais de 20 milhões de brasileiros que recebem o Auxílio Brasil de no mínimo 600 reais, agora receberão mais 200 reais se começarem a trabalhar. Vai ser 800 reais mais o salário do trabalho", disse um locutor na propaganda de rádio e TV que foi ao ar nesta quinta-feira.
A iniciativa de Bolsonaro ocorre após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas, prometer adicional de 150 reais aos 600 reais no Auxílio Brasil por crianças com até 6 anos de idade.
A peça orçamentária do próximo ano enviada ao Congresso não inclui o valor, mas o presidente tem prometido manter, caso reeleito, o Auxílio em 600 reais em 2023. A fonte de recursos para o benefício viria da taxação de lucros e dividendos de quem ganha acima de 400 mil reais por mês.
KKK
Em um comício em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Lula acusou Bolsonaro de tomar as comemorações do 7 de Setembro para si e afirmou que o ato de apoio ao concorrente na disputa pelo Palácio do Planalto parecia uma "reunião da Ku Klux Kan", grupo supremacista branco dos Estados Unidos.
"Ele se apoderou de uma festa que é de 215 milhões de brasileiros e fez uma festa pessoal. Foi muito engraçado, que no ato do Bolsonaro parecia uma reunião da Ku Klux Kan. Só faltou o capuz. Porque não tinha um negro, não tinha pardo, não tinha pobre, não tinha trabalhador", disse. "O artista principal era o velho da Havan, que aparecia como se fosse o louro José", acrescentou, em referência ao popular fantoche de um programa de televisão.
A afirmação do petista ocorre um dia após Bolsonaro transformar as comemorações do Bicentenário da Independência em demonstrações de força para sua campanha ao levar milhares de apoiadores para as ruas em atos eleitorais que tiveram Lula como um dos principais alvos de ataques.
NA ONU, DISCURSO INTERNO
Bolsonaro adiantou, em entrevista ao jornal Correio Braziliense, que deve abordar, no discurso que fará na Assembleia-Geral da ONU, em pouco mais de uma semana, temas importantes para a imagem do Brasil no exterior, como a política ambiental e a voltada aos povos indígenas. Ressaltou, no entanto, que o eixo principal de sua fala irá girar em torno de assuntos internos, ainda que sua audiência no encontro seja formada por líderes estrangeiros.
"Eu já tenho a coluna vertebral desse pronunciamento, muito voltado para nós aqui dentro", disse.
O presidente tem a intenção de incluir no discurso as ações de seu governo durante a pandemia --o auxílio emergencial e a defesa de sua tese contra as medidas de contenção da contaminação do vírus, o que costuma chamar de "fica em casa"--, e também temas do que ficou conhecido como a pauta dos costumes, sobretudo a relacionada às drogas, ao aborto, assuntos caros a um dos segmentos que sustentam sua candidatura, a dos evangélicos. "O mundo vai gostar", acrescentou.
REGISTRO GARANTIDO
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aceitou o registro de candidatura ao Palácio do Planalto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), pela coligação Brasil da Esperança.
Os ministros do TSE acompanharam o voto do relator, Carlos Horbach, e entenderam que a documentação estava regular, rejeitando pedidos de impugnação da candidatura do petista. A coligação do petista reúne, além do PT e PSB, outros oito partidos.
IRONIA
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, brincou com o "pouco trabalho" que o novo corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Benedito Gonçalves, empossado na manhã desta quinta-feira, terá devido às eleições deste ano em uma solenidade que foi bastante concorrida por autoridades do meio jurídico e políticos do Rio de Janeiro, cidade natal de Gonçalves.
"Não tenho nenhuma dúvida que nos auxiliará muito aqui, como já vem fazendo toda composição do Tribunal Superior Eleitoral, agora que já é gravíssima e importantíssima missão de ser o corregedor-geral Eleitoral numa eleição tranquila que nós teremos. Então Vossa Excelência terá pouco trabalho nesses próximos meses de mandato", ironizou Moraes.
(Por Ricardo Brito, Maria Carolina Marcello e Lisandra ParaguassuEdição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)