Xangai (China), 8 out (EFE).- A China decidiu adequar sua contabilidade estatística com os padrões de Disseminação de Dados Especiais do Fundo Monetário Internacional (FMI), um sistema de harmonização com o qual o país pretende melhorar sua transparência, anunciou nesta quinta-feira a agência oficial "Xinhua".
O governador do Banco Popular da China (banco central), Zhou Xiaochuan, recebeu o sinal verde do Conselho de Estado, o Executivo do país, e já informou à diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, sobre a decisão.
Até agora e desde 2002, depois que passou a fazer parte da Organização Mundial do Comércio (OMC), a China utilizava o chamado Sistema de Disseminação de Dados Gerais do FMI, criado pela organização internacional em 1997 como um marco para que os países-membros pudessem equiparar seus sistemas de estatísticas.
Os padrões adicionais que a China passará a adotar a partir de agora, que se aplicam desde 1996, são mais exigentes e foram desenvolvidos para os países mais ativos no mercado financeiro internacional.
O presidente da China, Xi Jinping, tinha prometido em 2014 na cúpula do G20 em Brisbane, na Austrália, que a China começaria a aplicar em poucos meses este padrão estatístico e o banco central chinês, o Escritório Nacional de Estatísticas e o Ministério das Finanças trabalharam durante todo este ano para adotá-lo o mais rápido possível.
De acordo com o próprio banco central, se trata de um passo necessário na reforma e abertura da China para o mundo, já que vai melhorar a transparência de suas estatísticas, a credibilidade e a capacidade de comparar com confiabilidade seus números com os de outras economias mundiais.
O vice-governador do banco central chinês, Yi Gang, e o subdiretor-gerente do FMI, David Lipton, enalteceram esse passo dado por Pequim com pronunciamentos públicos.
"Estamos comprometidos a fortalecer nosso sistema estatístico e a aumentar a transparência, já que isto não é apenas crucial para nossas políticas, mas benéfico para uma melhor compreensão da economia chinesa no resto do mundo", garantiu Yi.
Lipton, por sua vez, afirmou que a medida adotada pela China é "um avanço importante" que mostra "o forte compromisso" do governo chinês "com a transparência, assim como com a adoção das melhores práticas internacionais em estatística".
A China contava tradicionalmente com métodos próprios de contabilidade e elaboração de estatísticas, o que, em certas ocasiões, fazia com que empresas e entidades do país publicassem alguns de seus resultados em dois índices diferentes: um segundo o cálculo chinês, e outro de acordo com os padrões internacionais.
O governo em Pequim sabe a importância da utilização de padrões mundiais que ofereçam credibilidade a seus números, sobretudo devido ao incentivo a uma maior internacionalização do iuane, que pretende concorrer cada vez mais com o euro e o dólar.
O anúncio chinês coincide com a recente visita oficial do presidente do país aos Estados Unidos, na qual o "consenso entre as duas maiores economias do mundo foi um dos resultados importantes", segundo destacou hoje a própria agência de notícias oficial do gigante asiático.
Assim, com Xi Jinping de volta de sua visita os EUA e o país voltando hoje à atividade após uma semana de férias pelas comemorações do Dia Nacional da China (1º de outubro), Pequim aproveitou a data e também anunciou a entrada em vigor de um sistema para impulsionar a internacionalização do iuane.
Trata-se do Sistema de Pagamentos Internacionais da China (Cips, sigla em inglês), que permitirá o fechamento de operações de comércio internacional no exterior utilizando a divisa chinesa.