Tóquio, 28 abr (EFE).- O Banco do Japão (BoJ, banco central) revisou nesta quinta-feira o prazo para que o país consiga atingir a meta de inflação anualizada de aproximadamente 2% e considera agora que não irá alcançá-la até, pelo menos, meados de 2017, ou até o início de 2018.
Até agora, o BoJ sustentava que esse objetivo inflacionário poderia ser uma realidade na primeira metade do próximo ano.
No entanto, ao término de sua reunião mensal de dois dias, o comitê de política monetária do BoJ revisou novamente sua previsão de inflação para o atual exercício, que conclui em março de 2017, e para o próximo.
O BoJ estima agora que, neste ano fiscal, a inflação será de, em média, 0,5% anualizada, contra o 0,8% previsto em janeiro, e que será de 1,7%, ao invés de 1,8%, no exercício seguinte.
A entidade considera que, por enquanto, a inflação se mantém estável na terceira maior economia do mundo devido aos efeitos do barateamento dos preços do petróleo.
No entanto, o BoJ considera que os preços dessa commodity "subirão moderadamente" em breve, o que "acelerará" o ritmo da inflação no arquipélago.
A entidade vem implementando desde 2013 um programa de compra em massa de ativos com o objetivo de encerrar um ciclo deflacionário que afetou o país durante quase duas décadas.
Nesse sentido, o BoJ anunciou ao término de sua reunião mensal que, por enquanto, mantém intacto esse pacote de flexibilização e, por isso, seguirá aumentando a base monetária em um ritmo anual de 80 trilhões de ienes (US$ 732,6 bilhões).
A decisão do BoJ de não modificar seus planos fez com que, logo depois do anúncio, o iene registrasse forte valorização frente ao dólar, passando de 111 ienes por dólar para 109 em apenas dez minutos.
A apreciação do iene, que prejudica as exportações do Japão, fez com que o índice Nikkei registrasse queda superior a 3% na Bolsa de Valores de Tóquio.
Por outro lado, o BoJ anunciou um programa de fornecimento de recursos extras, sem juros, no valor de 300 bilhões de ienes (US$ 2,744 bilhões) para as entidades financeiras das regiões atingidas pelos recentes terremotos que sacudiram o sudoeste do país.
O banco central japonês também apresentou um programa de reestruturação de dívidas para empresas e entidades públicas dessas mesmas áreas.
Em relação à economia japonesa, o BoJ considera que esta segue "se recuperando moderadamente" apesar da recente queda de produção e das exportações devido à forte desaceleração das economias emergentes.
Para o ano fiscal atual, espera-se que esta tendência continue na indústria e no comércio exterior, até que as economias emergentes saiam paulatinamente de sua fase de desaceleração, e também que haja um aumento do consumo interno, um fundamento básico da economia japonesa.
Este último responde a uma melhora nos ganhos no setor privado e também no rendimento das famílias.