BRASÍLIA (Reuters) - Integrantes do governo não esperam que as investigações da Lava Jato se aproximem da presidente Dilma Rousseff ou de sua gestão, disse o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, após reunião de coordenação política nesta segunda-feira, dia da prisão do ex-ministro José Dirceu no âmbito da operação pela Polícia Federal.
"Em relação à questão do ex-ministro José Dirceu... É uma questão das investigações e todos nós confiamos muito na conduta da presidenta Dilma. Em nenhum momento passa por nós nenhuma expectativa que se aproxime dela qualquer investigação e de seu governo", disse Kassab a jornalistas após a encontro com Dilma, do qual participaram onze ministros e dois líderes do governo no Legislativo.
Também presente na reunião com Dilma, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, defendeu que o país siga de forma paralela às investigações e que seja mantido "um grau de estabilidade" para a retomada da economia.
O ministro deixou claro que o assunto não foi debatido na reunião de coordenação desta segunda-feira.
"Eu vou me manter, apesar de não ter tido a discussão lá na coordenação, na minha posição de preocupação de que nós precisamos ter dois canais paralelos. As investigações seguem e o país também segue, com suas empresas funcionando, e com a economia funcionando", disse Wagner a jornalistas.
"Eu acho que o ambiente é que a gente tem que tentar melhorar para poder estimular investidores e estimular a própria economia a crescer."
MINISTÉRIOS E CONGRESSO
Segundo Wagner, a reunião desta segunda-feira não tratou de uma possível redução do número de ministérios, embora o ministro tenha admitido que essa é uma preocupação "constante" do governo.
O titular da Defesa disse "imaginar" que "a um nível do Ministério do Planejamento" possa estar havendo um estudo sobre o tema com "cenários". A fusão ou diminuição de pastas poderia atender às críticas dirigidas ao governo de que não estaria cortando "na própria carne" para promover seu ajuste fiscal.
Tanto Wagner quanto Kassab relataram que a reunião de coordenação tratou quase 100 por cento do retorno dos trabalhos do Congresso Nacional, a partir desta semana, e da necessidade de articulação política para seguir com as medidas de ajuste fiscal e evitar a aprovação de projetos e matérias que resultem em mais gastos para o governo, a chamada "pauta bomba".
O ministro da Defesa disse acreditar na postura institucional do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que no último dia antes do recesso branco do Legislativo declarou seu rompimento com o governo, ocasião em que se declarou como integrante da oposição.
"Acho estranho se a presidência da Câmara se transformar em um bunker organizador da oposição", disse Wagner.
O Congresso será responsável pela votação das contas do governo que ainda estão em análise no Tribunal de Contas da União (TCU). Wagner disse que o tema é "foco" de atenção do Executivo e classificou como "bastante consistente" a defesa entregue ao TCU pela Advocacia-Geral da União (AGU).
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)