SÃO PAULO – Desde que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) foi aprovado na Câmara dos Deputados, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) tem corrido contra o tempo para formar sua equipe de governo caso o impedimento da petista seja confirmado pelo Senado na próxima semana. Entre alianças e promessas, o peemedebista vem enfrentando dificuldades em suas articulações e tem irritado correligionários.
De acordo com fonte próxima à ala governista do PMDB – que inclui os deputados que votaram contra o impeachment de Dilma -, as articulações de Temer têm dividido o partido e desagradado uma parte dos correligionários.
“A maioria dos peemedebistas demonstra insatisfação com o downgrade de ministérios pelo qual o PMDB está se submetendo. Temer está tendo que distribuir entre muitos partidos e pouca coisa está sobrando para o partido”, afirmou a fonte que pediu para ter sua identidade preservada. A necessidade de agradar muitos partidos, acrescenta a fonte, tem deixado evidente a percepção de que faltará espaço para peemedebistas no governo.
Na terça-feira (3), Temer recebeu a visita de Leonardo Picciani, líder da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, no Palácio do Jaburu. O deputado foi porta-voz de peemedebistas que já não escondem sua insatisfação com os recentes movimentos de Temer.
Entre as pastas, o Ministério da Saúde deve ser destinado a um indicado do PP, porém, o PMDB gostaria de colocar o deputado Osmar Terra no cargo, porque ele é médico, ocupou a secretaria estadual de saúde do Rio Grande do Sul em duas oportunidades e é presidente da Frente Parlamentar da Saúde desde 2015.
“Se a pasta de saúde for para o PP, muitos peemedebistas vão se revoltar. Pode rolar uma debandada”, alertou a fonte, que lamenta que “Temer esteja priorizando apenas os aliados próximos e deixando os demais peemedebistas à margem”.